A Ribeira de Muge fica situada na orla de um dos maiores desertos humanos de Portugal, a floresta de Entre-Muge-e-Sorraia. Esta região pode exibir ainda hoje uma cultura com traços característicos muito próprios, mormente a rude cultura dos pastores, cabreiros e dos negros que aqui habitaram. São estas especificidades que a Academia persegue, "subindo ao povo", como nos diz o grande Pedro Homem de Melo, recolhe, estuda e divulga.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Associação Itinerarium XIV - Ribeira de Muge

O Vira da Tira


O antigo Casal Tira é um pequeno povoado junto e, actualmente, por muitos de nós considerado como inserido em Marianos.
Este vira, por mim procurado durante vários meses, localmente, veio a ser recolhido em Paço dos Negros.
A letra, repassada pelo tempo, é uma bela metáfora, sobre os valores e vivências sociais. Prova que o povo simples, mesmo sendo iletrado, sabe construir, apreciar e guardar as melhores canções.
É interpretado pelo nascente coro das "Mulheres da Ribeira de Muge".

Na primeira quadra um rapaz recorda à rapariga, zangada, os tempos em que lhe dava os seus carinhos.

Ó roseira tu tens bicos
Talvez me queiras picar
Não te lembras ó roseira
Quando eu te ia regar

Na segunda, quiçá o rapaz mostra arrependimento:

Aquela menina chora
Chora que eu que a enganei
Neste mundo chora ela
No outro eu pagarei

Na terceira uma rapariga afirma que a sua honra não se vende, pelo que só a palavra de um homem digno lhe interessa.

A honra de uma donzela
Não é paga com dinheiro
É paga com uma palavra
Dum rapaz que é verdadeiro

Oiça aqui o Vira da Tira

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

D. Sebastião e o Paço dos Negros

D. Sebastião

Muitas são as histórias do rei D. Sebastião nas caçadas, nas coutadas de Almeirim e da Ribeira de

retirado

Mulheres da Ribeira de Muge



Oiça no post anterior "Oh preto, oh preto", dança recolhida na Ribeira de Muge, em Paço dos Negros. Era dançada só por homens, ainda no início do século XX.


oh preto, oh preto

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Academia Itinerarium XIV – Ribeira de Muge

Está a nascer em Paço dos Negros uma nova Associação. Associação que será uma Academia onde se pesquisa, se preserva e se divulga a cultura desta região, tendo o Paço dos Negros, como centro aglutinador.
Academia onde não mais se faça a apologia de um pseudo folclore, criação do salazarista António Ferro que, por não ser representativo dos saberes do povo, tem mostrado ser factor de menorização desse mesmo povo.
Aspira esta Associação vir a recrear a cultura da Ribeira de Muge em todas as suas vertentes, e a dar novamente voz às “Mulheres da Ribeira de Muge” de tão grata memória. Para tal está a nascer o grupo coral “Mulheres da Ribeira de Muge”.
Irá esta futura associação apresentar peças que já foram recolhidas e outras que continuam a ser pesquisadas, não esquecendo a vertente do passado palaciano e “dos Negros” que em Paço dos Negros fizeram história, e que tão esquecidos têm sido.
Também será objecto de estudo a dança, a museologia, o teatro, com as peças vividas pelo povo, peças que a vida criava, que o povo inventava, por vezes representava enquanto trabalhava, tendo para se exibir um palco de lama e erva, dentro dos canteiros do arroz.
Oiça no post anterior uma das peças que na primeira metade do século XX era dançada em Paço dos Negros. É cantada pelo Coro das Mulheres da Ribeira de Muge, num dos seus primeiros ensaios. A Condessa.