A Ribeira de Muge fica situada na orla de um dos maiores desertos humanos de Portugal, a floresta de Entre-Muge-e-Sorraia. Esta região pode exibir ainda hoje uma cultura com traços característicos muito próprios, mormente a rude cultura dos pastores, cabreiros e dos negros que aqui habitaram. São estas especificidades que a Academia persegue, "subindo ao povo", como nos diz o grande Pedro Homem de Melo, recolhe, estuda e divulga.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Associação Itinerarium XIV - Ribeira de Muge

O Vira da Tira


O antigo Casal Tira é um pequeno povoado junto e, actualmente, por muitos de nós considerado como inserido em Marianos.
Este vira, por mim procurado durante vários meses, localmente, veio a ser recolhido em Paço dos Negros.
A letra, repassada pelo tempo, é uma bela metáfora, sobre os valores e vivências sociais. Prova que o povo simples, mesmo sendo iletrado, sabe construir, apreciar e guardar as melhores canções.
É interpretado pelo nascente coro das "Mulheres da Ribeira de Muge".

Na primeira quadra um rapaz recorda à rapariga, zangada, os tempos em que lhe dava os seus carinhos.

Ó roseira tu tens bicos
Talvez me queiras picar
Não te lembras ó roseira
Quando eu te ia regar

Na segunda, quiçá o rapaz mostra arrependimento:

Aquela menina chora
Chora que eu que a enganei
Neste mundo chora ela
No outro eu pagarei

Na terceira uma rapariga afirma que a sua honra não se vende, pelo que só a palavra de um homem digno lhe interessa.

A honra de uma donzela
Não é paga com dinheiro
É paga com uma palavra
Dum rapaz que é verdadeiro

Oiça aqui o Vira da Tira