A Ribeira de Muge fica situada na orla de um dos maiores desertos humanos de Portugal, a floresta de Entre-Muge-e-Sorraia. Esta região pode exibir ainda hoje uma cultura com traços característicos muito próprios, mormente a rude cultura dos pastores, cabreiros e dos negros que aqui habitaram. São estas especificidades que a Academia persegue, "subindo ao povo", como nos diz o grande Pedro Homem de Melo, recolhe, estuda e divulga.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Duarte Peixoto - 4º almoxarife do Paço da Ribeira de Muge

Duarte Peixoto 1574-1621




«Dom Sebastião etc. aos que esta carta virem faço saber que por parte de Duarte Peixoto filho de Estêvão Peixoto cavaleiro da minha casa almoxarife dos Paços da Ribeira de Muja me foi apresentado um alvará passado pela chancelaria por que me pedindo por por falecimento de seu pai lhe fazer mercê do dito ofício de que o treslado do dito alvará é o seguinte: eu el-rei faço saber aos que este alvará virem que havendo respeito ao conhecimento que há que Estêvão Peixoto cavaleiro fidalgo de minha casa me serve no ofício de almoxarife dos Paços da Serra e em outras coisas em que me tem servido hei por bem e me praz de lhe fazer mercê de por seu falecimento fazer mercê a Duarte Peixoto seu filho do ofício dos ditos Paços assim e da maneira e com o mesmo ordenado que o ele tem Estêvão Peixoto seu pai e para minha lembrança e sua guarda lhe mandei dar este alvará pelo qual Estêvão Peixoto tendo tal ofício se fazer dele por seu falecimento outro tal em forma a Duarte Peixoto seu filho na maneira que dito junto declaração que o dito ordenado...» Ch. Henrique e D. Sebastião, 31, 330v-331.


Principais características deste almoxarifado: Deverá continuar a receber 24.000 anuais. Ter um cavalo para guardar a coutada. A menção indistinta de Paço da Ribeira de Muge e Paço da Serra, tal com no tempo de seu pai.
Pela primeira vez aparece a obrigação de reparar e consertar o Paço, a referência ao cultivo do Pomar, para o que receberá 24.000 réis anuais.
Será este um sinal de que os negros já não seriam suficientes, ou já não existiriam no Paço?

domingo, 13 de dezembro de 2009

A Escrava Maria

Um vestido para Maria, a escrava da Rainha no Paço da Ribeira de Muge.
Será esta a escrava de que falámos anteriormente e que servia os cabreiros e maioris da Rainha, no Paço. Paço da Serra era, como por vezes, nestes anos,  era designado o Paço da Ribeira.


2112 réis para compra de um vestido que deu a Maria Preta que Miguel Cabreiro trouxe que estava nos Paços da Serra /em Setembro de 1552.


Contadores da minha casa mando-vos que leveis em conta a Álvaro Lopes meu tesoureiro os dois mil cento e doze reis que despendeu no vestido de Maria escrava atrás contido segundo se mostra por assento de Diogo Martins escrivão de seu cargo. Feito em Lisboa a xiii de Setembro. Aleixo de Morais o fez de 1552.
Rainha

Recebido Aleixo de Morais

Para levarem em conta ao tesoureiro os 2112 reis contidos neste rol que despendeu no vestido de Maria escrava que veio de Almeirim. cc, 1, 88, 112

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Cabeço de Ferro de Raposa

Cabeço de Ferro, junto à ribeira de Muge, em Ferrarias, junto a Raposa.


Em tudo idêntico aos dois Montes da Borra de Ferro do Paço dos Negros, que segundo informações dos que os transportaram em carroças, no ínicio dos anos 50, para fazer as estradas de Paço dos Negros para Raposa, e para Marianos e a rua do Vale João Viegas, e aos quais se refere a "Comunicações dos Serviços Geológicos de Portugal, Tomo XXVIII: 251", e segundo as dimensões relatadas dos mesmos, e as densidades apresentadas por este minério, seriam umas dez mil toneladas de escórias.

Curiosidades sobre o Paço dos Negros da Ribeira de Muge

Na carta de Pedro Matela, ao Rei, de 22-4-1511, dando conta do estado das obras do Paço, este revela-nos de algum modo, de onde vieram as madeiras, 90 carros, nomeadamnte de castanho de que temos vários documentos, (de Dornes, no Zêzere?), e quem teria sido o carpinteiro: Pedro Anes, nomeado em 1507 «Mestre de carpintaria de todas nossas obras, onde quer que elas estiverem...»

retirado

trecho da carta cc,1,10,26

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Na senda dos escravos da Ribeira de Muge

Mezinhas para os Escravos do Rei


Trecho da carta, onde Pedro Matela dá ordem a Henrique Nunes: «Pedro Matella cavaleiro da Casa d’el-rei nosso senhor e seu contador na comarca dos escravos desta mui nobre e sempre leal vila de Santarém e da vila de Abrantes, corregedor perpétuo da vila de Almeirim, vos mando a vós Henrique Nunes, almoxarife do almoxarifado desta dita vila de Santarém, que qualquer dinheiro que tiverdes do ano passado de mil quinhentos e vinte e nove, deis e pagueis a Simão Roiz, boticário, os 1210 réis atrás contidos nesta carta de Mestre Luís, os quais 1210 réis foram de mezinhas para os ditos escravos do dito senhor», CC, 2, mac 164, fol.48.


"O recibo"

Senhor contador


O bacharel Mestre Luís, físico dos escravos desta vila, que tenho cargo de curar os escravos del-rei nosso senhor, da Ribeira de Muge, digo que é verdade que eu contei umas mezinhas a Simão Roiz de certas receitas que ele deu de sua botica para os ditos escravos, as quais mezinhas foram mandadas dar por o dito contador e assinadas por ele e por o físico, e ao fazer desta conta foram todos perante ele nos quais se montaram 1210 réis, e para lhe serem pagos lhe dei este por mim assinado e feito em Santarém ao primeiro dia de Agosto de 1530 anos.
Assinatura indecifrada


Eu Simão Roiz boticário digo que é verdade que eu recebi de Henrique Nunes almoxarife estes 1210 réis neste mandado atrás escrito e por ser verdade que os assim recebi assinei este conhecimento por mim feito e assinado. Feito aos 13 dias do mês de Agosto 1530 anos.

Simão Roiz.