A Ribeira de Muge fica situada na orla de um dos maiores desertos humanos de Portugal, a floresta de Entre-Muge-e-Sorraia. Esta região pode exibir ainda hoje uma cultura com traços característicos muito próprios, mormente a rude cultura dos pastores, cabreiros e dos negros que aqui habitaram. São estas especificidades que a Academia persegue, "subindo ao povo", como nos diz o grande Pedro Homem de Melo, recolhe, estuda e divulga.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

A Fonte do Machieiro e a sabedoria popular

Vimos como documentalmente aparece o nome da Fonte do Machieiro. Nome hoje completamente desconhecido entre as gentes da terra, como vimos em post anterior ele aparece em documentos do século XVI. Volta a aparecer em documento de 1815, quando da demarcação do território de Paço dos Negros.

Em conversa, com Manuel Maria Cipriano, cidadão nascido em 1925, este ao dar-nos uma lição sobre a fauna, a flora e a floresta da ribeira de Muge, dá-nos a pista para deciframos o nome "Machieiro".

«O sobreiro desde que nasce até que é adulto passa por várias fases: a primeira é a lande ou bolota, é o machoco, é o carrasqueiro, é o chaparro, e depois o sobreiro.
O machoco é nos primeiros anos até quando tem uma altura de cerca de um metro. O carrasqueiro é quando atinge uma altura que podem ser tirados os ramos inferiores. Quando já com a altura de alguns metros, ganha pernadas e pode ser tirada a cortiça amadia, aqui já ganha o nome de chaparro.
Por volta dos trinta e cinco anos, quando passa a ser tirada a cortiça, de nove em nove anos, está um sobreiro feito.»

Manuel Maria Cipriano, um sábio, cuidando de um machoco, na sua propriedade de Monte da Vinha.