A Ribeira de Muge fica situada na orla de um dos maiores desertos humanos de Portugal, a floresta de Entre-Muge-e-Sorraia. Esta região pode exibir ainda hoje uma cultura com traços característicos muito próprios, mormente a rude cultura dos pastores, cabreiros e dos negros que aqui habitaram. São estas especificidades que a Academia persegue, "subindo ao povo", como nos diz o grande Pedro Homem de Melo, recolhe, estuda e divulga.

sábado, 13 de agosto de 2016

COMUNICADO Academia Itinerarium XIV entrega segunda carta aberta sobre estado de conservação do Paço Real da Ribeira de Muge

A Academia Itinerarium XIV dirigiu-se no passado dia 11 de Agosto ao edifício dos Paços do Concelho, em Almeirim, onde entregou aos elementos do executivo municipal uma segunda carta aberta (reproduzida abaixo) onde firmou as preocupações com o estado de conservação do Paço Real da Ribeira de Muge, já descritas na missiva entregue há um ano atrás, e à qual nunca obteve resposta. Entregamos a carta em mão à Vereadora Maria Emília Moreira, deixando no secretariado para os demais membros do executivo, que não se encontravam presentes. 



Com efeito, o Paço Real da Ribeira de Muge, berço da aldeia de Paço dos Negros (freguesia de Fazendas de Almeirim), é o último vestígio edificado que atesta a presença da Corte no séc. XVI no concelho de Almeirim. Sendo propriedade do município, é de todo pertinente que a edilidade tome em mãos a responsabilidade de evitar que o espaço se degrade mais do que aquilo que nos chegou, uma vez que, sendo estruturas centenárias, necessitam de manutenção para garantir a sua preservação. 
Seguem em anexo duas fotos do estado de degradação do paço, assim como o link para o blog da academia, onde se poderão encontrar mais fotos: 

No final da carta, a academia compromete-se a continuar a valorizar o Paço Real da Ribeira de Muge, não só dinamizando o mesmo, mas preservando a sua história e a sua memória. Dando lugar a este pressuposto, a academia não deixa de registar que este ano se completam 90 anos da publicação d' "O Paço dos Negros da Ribeira de Muge e os seus Almoxarifes", o primeiro estudo monográfico sobre este local, da autoria de Frazão de Vasconcellos. Até ao final do ano, a Academia Itinerarium XIV dará lugar à evocação desta efeméride. 


2.ª Carta Aberta ao Executivo da Câmara Municipal de Almeirim

Sobre a Conservação do Paço Real da Ribeira de Muge


Paço dos Negros, 11 de agosto de 2016

Exmo. Sr. Presidente e Exmos. Srs. Vereadores,

A Academia Itinerarium XIV no dia 10 de agosto de 2015 entregou aos membros do executivo municipal uma carta aberta, onde expressava as suas preocupações com o estado de conservação do Paço Real da Ribeira de Muge, dando algumas possíveis linhas de conservação preventiva que podem ser seguidas, advenientes da formação académica e profissional de alguns dos elementos da Academia.

Infelizmente, da parte do executivo municipal, não mereceu a Academia qualquer resposta dando conta da sua intenção, ou não, de proceder de acordo com o sugerido na carta aberta, ou sequer acusando a receção da mesma. Lamentamos que este assunto apenas uma vez, a fazer fé nas atas, tenha sido levado a reunião de câmara, reconhecendo contudo que este tenha sido trazido por um vereador que, ainda que não tenha pelouros atribuídos, manifestou sensibilidade para o mesmo.

Verificamos que durante o inverno foram feitas pequenas intervenções no portal, nomeadamente a limpeza da flora, confirme sugeríamos. Esperamos que esta intervenção tenha sido feita com respeito pela integridade da estrutura e com conhecimentos técnicos adequados, ao contrário de outras intervenções que foram feitas no passado (nomeadamente na capela). Contudo, verificamos que os problemas que enunciámos continuam por resolver no geral. O portal continua com o reboco descarnado, tanto na parede como nos merlões, que importa consolidar. Isto apenas no portal, pois não pretendemos repetir tudo aquilo que escrevemos há um ano atrás, uma vez que os fatores de degradação continuam ser os mesmos, apenas se acentuaram!

Colocaremos no nosso blog e na nossa página do facebook (links no final da carta) um conjunto imagens que materializam as nossas preocupações e evidenciam o estado em que o Paço Real da Ribeira de Muge se encontra.

Reconheça-se que o Paço Real da Ribeira de Muge é efetivamente a última edificação que testemunha a presença da corte no séc. XVI no nosso concelho. A capacidade de intervenção e de valorização futura depende das atitudes de hoje.

Reiteramos a nossa total disponibilidade para, juntamente com a autarquia, constituirmos um grupo de trabalho que permita, em tempo útil, pelo menos a preservação do muito que ainda resta do nosso Paço Real da Ribeira de Muge. Sugerimos o agendamento de uma visita de trabalho que permita elencar estratégia e procedimentos visando o proposto.

Pela nossa parte, continuaremos a fazer aquilo que conseguirmos, com os nossos limitados recursos: valorizar o Paço Real da Ribeira de Muge.
O Secretariado da Academia Itinerarium XIV

Aquilino Manuel Pratas Fidalgo
Lucília Ferreira Cipriano Evangelista
Manuel da Conceição Evangelista
Maria Nélia Silva Castelo dos Reis
Samuel José Rodrigues Tomé


Esta carta será entregue individualmente a cada um dos membros do executivo municipal, e será dado conhecimento aos Grupos Municipais, ao Sr. Presidente da Assembleia Municipal, ao Executivo da Junta de Freguesia de Fazendas de Almeirim, Assembleia de Freguesia de Fazendas de Almeirim, Imprensa, rede de contactos da academia e publicação do blog da Academia Itinerarium XIV.


quinta-feira, 11 de agosto de 2016








Portal
São visíveis os descarnamentos dos rebocos da parede e dos merlões, assim como a flora invasiva, que foi limpa no inverno, e voltou a crescer. 





Pátio
Zona onde estava edificado o palácio em si, de que hoje apenas restam os arranques das paredes e as cantarias das portas. Sendo um pavimento de tijoleira, a deposição de areias faz crescer ervas, que danificam o que resta dos pavimentos. A exposição às condições atmosféricas vai igualmente desgastando as cantarias. 




Ponte sobre a Vala do Pomar, junto ao moinho
Pequena ponte pedonal, que se encontra seriamente danificada devido à limpeza da vala com maquinarias. Além disso, tendo em conta a danificação das argamassas, estão soltos alguns tijolos, que irão continuar a cair se a estrutura não foi consolidada. 

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Hoje é dia de Santo António


Procissão de Santo António, Raposa
13.06.2016

Jubilosos aclamemos
Neste dia Santo António
Que da vida se tornou
Flor da Igreja e sol do mundo
Portugal foi o seu berço
de Portugal é patrono
Mas a gloria do seu nome 
Encheu todo o universo
A Santo António rezando
Com Santo António cantemos
Honra e Glória eternamente
À Santíssima Trindade. 
Este foi o grande arauto
Da palavra salvadora
Que ensinou aos pecadores
Os caminhos da verdade. 
Quando os homens resistiram 
Aos prodígios do seu verbo
Até os peixes do mar
Ouviam maravilhados. 
Sua língua além da morte
Continuava viva e fresca
E vermelha como a púrpura 
Fala ainda, embora muda
A Santo António rezando...
Do livro «"Versos": o Romanceiro da Ribeira de Muge», de Manuel Evangelista

Em jeito de lembrança do facto de hoje ser Dia de Santo António, patrono da Paróquia da Raposa, ao qual as populações da Ribeira de Muge pertencem, ainda que seja só afetivamente. 

domingo, 22 de maio de 2016

Intervenção da Academia Itinerarium XIV na Mesa de Abertura do Colóquio "Sobre a Realidade dos Moinhos de Vento Portugueses"

Mesa de Abertura do Colóquio "Sobre a Realidade dos Moinhos de Vento Portugues"
Da esquerda para a direita: Cristina Casimiro (Presidente da Junta de Freguesia da Raposa), Samuel Tomé (Secretariado da Academia Itinerarium XIV) e Eurico Henriques (Vereador da Cultura da Câmara Muncipal de Almeirim)
Fotografia de Helena Fernandes

Todos os países terão as suas características próprias no que diz respeito à atividade dos moinhos, e Portugal não será exceção. Somos um país que, onde a nível de tipologias de engenhos, é possível encontrar um pouco de tudo, mais ou menos adaptado às nossas características morfológicas e climáticas. Assim, temos uma riqueza de atividade molinológica (sendo que a molinologia é o estudo e o conhecimento dos moinhos) muito grande, não só com eventos como este, mas também com muitas obras de referência, como a “Tecnologia Tradicional Portuguesa – Sistemas de Moagem”, de Ernesto Veiga de Oliveira, Benjamim Pereira e Fernando Galhano, citada em praticamente todas as obras sobre o tema em Portugal, mas também comummente mencionada na literatura internacional sobre o tema.

Este colóquio pretende acrescentar um pouco mais a todos nós, sobre esta realidade que são os moinhos de vento em Portugal. Com apenas tão poucas comunicações conseguimos reunir diferentes tipologias de moinhos vento, de diferentes áreas geográficas, abordadas por diferentes áreas disciplinares. Em nome da Academia Itinerarium XIV da Ribeira de Muge saúdo os oradores aqui presentes, que aceitaram prontamente este desafio.

Em nome da Academia Itinerarium XIV saúdo também muito especialmente a Junta de Freguesia da Raposa, na pessoa da Senhora Presidente, que desde o primeiro momento se associou a este evento, e mais que um apoio, sentimos um verdadeiro empenho desta autarquia na organização deste colóquio.

Não concebemos este colóquio noutro lugar que não aqui. Com efeito, esta Casa da Cultura, por muitos conhecida como “o Descasque”, por aqui ter funcionado uma unidade de descasque de arroz, foi ainda conhecida por muitos antes disso como um moinho. Já mencionado no séc. XVIII, este Moinho da Raposa, que era tocado a água, ou não tivéssemos nós aqui mesmo ao lado a Ribeira de Muge, recebe hoje um colóquio sobre moinhos de vento.

Este foi um dos objetivos a que nos propusemos. Trazer aqui uma realidade diferente daquela que tínhamos por mais comum. E hoje cá estamos para a apresentar.

Termino com votos que todos os presentes apreciam e aprendam algo mais. Que hoje, quando sairmos daqui, façamos o exercício do que ficamos a saber que não sabíamos antes de termos entrado por aquela porta.

Samuel Rodrigues Tomé
Secretariado da Academia Itinerarium XIV da Ribeira de Muge

Personalidades institucionais presentes no Colóquio “Sobre a Realidade dos Moinhos de Vento Portugueses”

Foram várias as personalidades que se associaram ao Colóquio “Sobre a Realidade dos Moinhos de Vento Portugueses”, marcando presença a nível institucional, desde órgãos autárquicos, a associações e entidades oficiais. Segue abaixo a listagem dos presentes nestas condições, por ordem alfabética:

  • Alberto Santos, Alenculta – Associação Cultural de Alenquer
  • Anabela Silva, Secretária do Executivo da Junta de Freguesia da Raposa
  • António Cruz Martins, Deputado Municipal da Assembleia Municipal de Almeirim
  • António José Dionísio, Tesoureiro da Junta de Freguesia da Raposa
  • António Nabais, Associação Portuguesa de Museologia
  • Cristina Casmiro, Presidente da Junta de Freguesia da Raposa
  • Eurico Henriques, Vereador da Cultura da Câmara Municipal de Almeirim
  • Fernando Oliveira, Vereador da Cultura da Câmara Municipal da Lourinhã
  • João Duarte Carvalho, Presidente da Câmara Municipal da Lourinhã
  • José Carlos Ramalho, Real Associação do Ribatejo
  • Julieta Coimbra, Real Associação do Ribatejo
  • Maria Emília Moreira, Vereadora da Câmara Municipal de Almeirim
  • Maria Ramalho, Presidente do Conselho de Administração do ICOMOS Portugal
  • Pedro Oliveira Inácio, Museu da Água
  • Raquel Raposo, Alenculta – Associação Cultural de Alenquer
  • Roberto Caneira, Associação para a Defesa do Património Etnográfico e Cultural da Glória do Ribatejo
  • Sónia Colaço, Vereadora da Câmara Municipal de Almeirim