A Ribeira de Muge fica situada na orla de um dos maiores desertos humanos de Portugal, a floresta de Entre-Muge-e-Sorraia. Esta região pode exibir ainda hoje uma cultura com traços característicos muito próprios, mormente a rude cultura dos pastores, cabreiros e dos negros que aqui habitaram. São estas especificidades que a Academia persegue, "subindo ao povo", como nos diz o grande Pedro Homem de Melo, recolhe, estuda e divulga.

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Dia dos namorados

Não é só em Vieira do Minho. Em Paço dos Negros também há lenços de namorados.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

D. Sebastião no Paço da Ribeira de Muge - 443 anos


Escudo frontal do portal do paço da ribeira de Muge


Com a morte de D. João III, em 1557, a assiduidade ao Paço da Ribeira de Muge pela rainha D. Catarina e pelo rei D. Sebastião manter-se-á, como o provam as suas longas estadias nos paços de Almeirim.
Padre Amador Rebelo, 1532-1622, in Relação da vida d’el-rei D. Sebastião, (em Francisco Sales de Mascarenhas Loureiro), diz-nos que em questões de preferência, em três lugares onde tinha seus paços reais, onde D. Sebastião costumava ordinariamente residir, era Almeirim o primeiro.
Muitas são as histórias do rei D. Sebastião nas caçadas, nas coutadas de Almeirim e da Ribeira de Muja, conforme documentos, e sugerem as fugas a sua avó durante as suas longas estadias nos paços de Almeirim. São conhecidas as várias histórias de quando adolescente, o Rei Menino, passou em Almeirim excelentes férias e muitas aventuras, de tal modo se apegou a esta sua Vila Real que, como nenhum outro rei seu antecessor, aí se demorou como soberano durante longos e frequentes períodos. No Paço se atinha e governava e nos campos e bosques monteava com destreza, por vezes não muito prudente.
Causando preocupações à avó, a rainha D. Catarina, se embrenhava nos matagais das coutadas de Almeirim e Ribeira de Muge. Aquela em que aos 11 anos se atreveu a varar um javali, salvando da morte o seu aio, D. Aleixo de Meneses:
(Henrique Leonor Pina): «Partido de Almeirim manhã cedo, D. Sebastião e a sua comitiva de caça, viram nascer o sol já avistado o Convento da Serra. Desceram no sentido leste, do Paço da Ribeira de Muge, eis quando, nas Ferrarias, se levantou um poderoso javali. Com decisão o rei apontou a choupa ao pescoço da fera e cravou certeiramente a arma entre o peito e a omoplata. Surpreendida, a fera ainda tentou morder os corvilhões do cavalo. Era o seu primeiro javali. Uma presa real. Refeita do susto, a comitiva cercou e cumprimentou D. Sebastião que ordenou que seguissem para o Paço dos Negros, onde se jantou*.» 
* Ao jantar daquele tempo, cerca do meio-dia, corresponde hoje o nosso almoço.

De D. Sebastião se relatam alguns casos bem estranhos. Ainda dos escritos de Padre Amador Rebelo, (idem), o caso do rei que mostrou ter “boa boca”:
«Aconteceu uma vez que estando em Almeirim, foi com a sua comitiva a monte ver se matava um javali, que lhe tinham emprazado. Havia mandado levar o jantar. Para não errar o lanço do porco, começou el-rei a correr após ele, e correndo por muito tempo, perdeu-se.
Não tomando o caminho, ele e um fidalgo que com ele estava, subiram a um monte, e avistando um pastor com suas cabeças de gado, este lhes indicou o caminho para Almeirim, longe que estavam. Como apertava a fome com el-rei, era tarde e não tinham jantado (almoçado), disse para o pastor, tendes aí um pedaço de pão que me deis? O pastor respondeu que só um muito duro e preto, que não é para vossa mercê, que não conhecia el-rei. O rei pediu que o partisse com ele, e o comeu com tanto gosto, que disse depois que nunca em toda a sua vida comera coisa que melhor lhe soubesse.»
As fugas nocturnas à avó, a rainha D. Catarina. O caso em que posto em cima de uma árvore, esperava um javali, viu um vulto, e descendo com pressa, investiu com ele, era um negro boçal** que tinha fugido:
«Saía de noite às dez horas a passear à praia só sem companhia, e no bosque de Sintra do mesmo modo. Esperava em Almeirim posto sobre uma árvore um javali, e aplicando a vista viu um vulto, e descendo-se com pressa investiu com ele: ao estrondo acudiram alguns monteiros, imaginando seria fera; acharam porém o Rei lutando com hum negro boçal, que havia largos dias que fugindo a seu amo, habitava com as feras daquele monte.» (António Caetano de Sousa, Do rei D. Sebastião, cap. XVII).

Mas uma data concreta em que D. sebastião esteve neste Paço encontramo-la em (A. Simancas, Estado, legajo 390, f. 88, citado em Joaquim Veríssimo Serrão, Os itinerários de D. Sebastião, 1568-1578):
Quando uma vez, aos 17 anos, estava o rei D. Sebastião em Almeirim desde 21/12/1571, uma carta de 10/02/1572, do cardeal a Dona Catarina, que estava em Lisboa, diz que D. Sebastião passou alguns dias no Paço da Ribeira [de Muge]: «elRey meu sor esta muito bem. não se lhe deve dizer algua cousa que de algua sospeita. E elRey meu sor esta nos Paços da Ribeira e não a de vir senão amanhã a noite. E também esta para ir ver V. A. logo na entrada da coresma.» 

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

A Capela de S. João Baptista

A Capela de São João Baptista


A Capela de S. João Baptista, o local mais sagrado, o lugar onde nasceu Paço dos Negros, em 1511, vai ter à luz do dia o livro com a sua História, no próximo 24 de Junho, dia do seu patrono.
Traz uma carta de D. João III para o embaixador em Roma, para que este trate junto do Papa Clemente VII, a permanência de um frade, um tal Diogo Pacheco, do qual me quero serviir
na capelania da capela dos meus paços da Ribeira de Muja por ser dele
e de sua bondade bem enformado e por os vezinhos dali d'aredor estarem
dele e de seu serviço contentes... 

Local de grande importância para a realeza, mas mais importante deve ser para a localidade, pois foi ali que de alguma forma, durante quase 400 anos, se desenrolou a cultura e a vida da terra.
Esperemos que a obra de reposição do telhado, enobreça o monumento com autenticidade no exterior, e ao mesmo tempo dignifique com alguma beleza aquela magnífica nave.



Mas quando vemos num SITE, que anuncia a obra: « segunda feira, 2 de fevereiro de 2015 pelas 15:00
(...)
e aprovação de um subsidio 14. Apreciação ao Rancho Folclórico de Paços dos Negros destinado a obras de reparação do telhado» (sic)

Assim mesmo, fico a pensar: Saberão o nome da capela? Saberão a sua História? sentirão o peso da responsabilidade de restaurar um monumento o qual, como se vê, desconhecem por completo?

Por mim, fica dito que não aceito uma obra que não dignifique o lugar, o monumento, a matriz, onde nasceu a minha terra.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Mulheres da Ribeira de Muge

Completou-se hoje, e foi entregue à informante, o 52º CD da Colectânea Mulheres da Ribeira de Muge.

Estas coisas não se agradecem. São do povo. Parabéns Joaquina por transmitir os seus conhecimentos às gerações vindouras.




1 Nome Joaquina
2 Rosa
3 Rosalina
4 Tira a rosa meu bem
5 Prosa do pai
6 A porca
7 O meu vizinho Albano
8 Linda Isaura
9 Chaninho gato
10 Albertina
11 António Domingos
12 Manel Braz
13 Barragem da Pipa
14 António veio de viagem
15 Ai que chita tão bonita
16 Erva cidreira
17 Carrapiteiro florido
18 Manel Faustino
19 Cabreirito.mp3
20 Augusto não pensaste bem
21 Numa aldeia alentejana
22 O preto
23 Se tu visses o que eu vi(m)
24 Nobre senhora
25 O Cão
26 Uma cabra caga trapos
27 Ó criada tu mal sabes

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Panorâmica do Paço Real


Vista aérea do Paço Real da Ribeira de Muge.
Muito maltratado, por sinal. Mas ainda a tempo de uma boa recuperação.


Fotos de Marcos Evangelista