A Ribeira de Muge fica situada na orla de um dos maiores desertos humanos de Portugal, a floresta de Entre-Muge-e-Sorraia. Esta região pode exibir ainda hoje uma cultura com traços característicos muito próprios, mormente a rude cultura dos pastores, cabreiros e dos negros que aqui habitaram. São estas especificidades que a Academia persegue, "subindo ao povo", como nos diz o grande Pedro Homem de Melo, recolhe, estuda e divulga.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

A Capela de S. João Baptista

A Capela de São João Baptista


A Capela de S. João Baptista, o local mais sagrado, o lugar onde nasceu Paço dos Negros, em 1511, vai ter à luz do dia o livro com a sua História, no próximo 24 de Junho, dia do seu patrono.
Traz uma carta de D. João III para o embaixador em Roma, para que este trate junto do Papa Clemente VII, a permanência de um frade, um tal Diogo Pacheco, do qual me quero serviir
na capelania da capela dos meus paços da Ribeira de Muja por ser dele
e de sua bondade bem enformado e por os vezinhos dali d'aredor estarem
dele e de seu serviço contentes... 

Local de grande importância para a realeza, mas mais importante deve ser para a localidade, pois foi ali que de alguma forma, durante quase 400 anos, se desenrolou a cultura e a vida da terra.
Esperemos que a obra de reposição do telhado, enobreça o monumento com autenticidade no exterior, e ao mesmo tempo dignifique com alguma beleza aquela magnífica nave.



Mas quando vemos num SITE, que anuncia a obra: « segunda feira, 2 de fevereiro de 2015 pelas 15:00
(...)
e aprovação de um subsidio 14. Apreciação ao Rancho Folclórico de Paços dos Negros destinado a obras de reparação do telhado» (sic)

Assim mesmo, fico a pensar: Saberão o nome da capela? Saberão a sua História? sentirão o peso da responsabilidade de restaurar um monumento o qual, como se vê, desconhecem por completo?

Por mim, fica dito que não aceito uma obra que não dignifique o lugar, o monumento, a matriz, onde nasceu a minha terra.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Mulheres da Ribeira de Muge

Completou-se hoje, e foi entregue à informante, o 52º CD da Colectânea Mulheres da Ribeira de Muge.

Estas coisas não se agradecem. São do povo. Parabéns Joaquina por transmitir os seus conhecimentos às gerações vindouras.




1 Nome Joaquina
2 Rosa
3 Rosalina
4 Tira a rosa meu bem
5 Prosa do pai
6 A porca
7 O meu vizinho Albano
8 Linda Isaura
9 Chaninho gato
10 Albertina
11 António Domingos
12 Manel Braz
13 Barragem da Pipa
14 António veio de viagem
15 Ai que chita tão bonita
16 Erva cidreira
17 Carrapiteiro florido
18 Manel Faustino
19 Cabreirito.mp3
20 Augusto não pensaste bem
21 Numa aldeia alentejana
22 O preto
23 Se tu visses o que eu vi(m)
24 Nobre senhora
25 O Cão
26 Uma cabra caga trapos
27 Ó criada tu mal sabes

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Panorâmica do Paço Real


Vista aérea do Paço Real da Ribeira de Muge.
Muito maltratado, por sinal. Mas ainda a tempo de uma boa recuperação.


Fotos de Marcos Evangelista

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

2015: O ano em que assinalam os 500 anos de Antão Fernandes como almoxarife do Paço Real da Ribeira de Muge


Assinatura de Antão Fernandes

Depois de em 2014 ter assinalado os 500 anos da finalização do Paço Real da Ribeira de Muge, em 2015 irá a Academia assumir como efeméride do ano a tomada de Antão Fernandes como almoxarife do Paço Real da Ribeira de Muge. 

Não temos conhecimento da data exata da sua nomeação, se é que teve uma nomeação oficial. No final de 1514 o cargo de almoxarife ainda era exercido por Diogo Rodrigues. Datado de 13 de junho de 1515, num documento em que Antão Fernandes assume receber 300$000 da Casa da Mina para pagamento de obras nos paços de Almeirim e da Ribeira de Muge, surge referido pela primeira vez como titular do almoxarifado do Paço Real da Ribeira de Muge, cargo para o qual houvera sido nomeado por Pedro Matela, Contador Mor de Santarém e Abrantes e Corregedor perpétuo da Vila de Almeirim. Talvez por ter sido nomeado por Pedro Matela, Antão Fernandes nunca teve um alvará de nomeação régia, como os restantes almoxarifes. Ou pelo menos é esta a razão mais plausível que podemos apontar para o facto de o desconhecermos.

Reprodução do documento onde Antão Fernandes é designado pela primeira vez como almoxarife do Paço Real da Ribeira de Muge



Antão Fernandes foi nomeado em maio de 1504 como escrivão do Almoxarifado de Almeirim. Enquanto exerceu o cargo no Paço Real da Ribeira de Muge, onde estava obrigado a viver em permanência, obteve autorização do rei para construir um moinho no Vale João Viegas, que acreditamos que seja um dos que chegou ao início do séc. XX. Morreu no exercício deste cargo, por volta de 1522 (é neste ano que é nomeado Luís Mota como almoxarife do Paço Real da Ribeira de Muge, por morte de Antão Fernandes). 

domingo, 4 de janeiro de 2015

A arte da caça no Paço Real da Ribeira de Muge

Nove moios de milho anuais para as aves do Paço da ribeira de Muge. Nove moios perfariam cerca de oito mil quilos.

Sendo o Paço erguido para o "desenfadamento" do rei, estas aves eram certamente os falcões tanto de Alto-voo como de Baixo-voo, usadas nas caçadas reais: duas técnicas de caça.

«Alto-voo
A ave é largada do punho para o ar para que “remonte”,
isto é, para que ascenda sobre o terreno de caça até se colocar
alto, onde aguardará, descrevendo círculos, ou “tornos”, que a
peça de caça seja levantada pelo falcoeiro, normalmente com a
ajuda de cães.
É também designado lance de “altanaria”, ou “voo de espera”.
O ataque é realizado em rapidíssimo voo descendente, no
qual o falcão intercepta a presa, “ preando” no ar, ou derribando
a presa ao chão.
Os lances de altanaria praticam-se em grandes espaços
abertos e caçam-se voláteis, ou espécies de pena (patos, sisões,
faisões, perdizes, pombos, etc.)

Baixo-voo
Modalidade de caça na qual se utilizam açores, gaviões e
algumas espécies do género aquila.
A ave é lançada do punho enluvado do falcoeiro no encalço
da peça de caça, quando esta já se encontra em voo, ou em corrida.
A ave caçadora realiza um voo de sprint, descrevendo uma
trajectória recta da luva até à presa, de pelo, ou de pena, sendo
por isso também chamado “lance à vista”, ou ainda “lance a
braço-tornado”?». (Cetraria, uma arte medieval, arquivo histórico municipal, torre de almedina)


«Sejam certos os que este conhecimento virem como é verdade que Antão Fernandes almoxarife dos Paços da Ribeira de Muge recebeu de Afonso Monteiro almoxarife das Jugadas de Santarém os nove moios de milho que era ciente recebesse para despesa das aves dos ditos Paços os quais nove moios de milho são do ano passado de 518 e porque é verdade que os dele recebeu lhe dei este por ele assinado. Feito por mim Cristóvão Dias escrivão dos ditos paços que os sobre ele dito almoxarife carreguei em receita. Feito aos III dias do mês de Maio de mil 519 anos.

Antão Fernandes                               Cristóvão Dias»

(cf. CC, 2, maço 84, doc.146). CC, 2, maço 81, doc.122)