A Ribeira de Muge fica situada na orla de um dos maiores desertos humanos de Portugal, a floresta de Entre-Muge-e-Sorraia. Esta região pode exibir ainda hoje uma cultura com traços característicos muito próprios, mormente a rude cultura dos pastores, cabreiros e dos negros que aqui habitaram. São estas especificidades que a Academia persegue, "subindo ao povo", como nos diz o grande Pedro Homem de Melo, recolhe, estuda e divulga.

domingo, 7 de setembro de 2014

O Rei Preto

Com a devida vénia ao blog "Em busca do património", de Samuel Tomé.

É talvez a mais emblemática figura de Paço dos Negros, na qual se  pode alicerçar a identidade desta comunidade. É a matriz comum às pessoas que aqui vivem, e que são descendentes dos escravos que para aqui vieram morar, miscigenados com os brancos. Foi já esta figura alvo de uma homenagem por Evangelista (2013), onde reúne em livro os factos históricos, as memórias orais e uma crítica social. Entrando no domínio da lenda e da cultura popular, há duas versões distintas da história do Rei Preto.
A primeira chega-nos pelo Conde da Atalaia, quando no final do séc. XIX dizia ao seu caseiro do paço que “este lugar não tem história daqui para trás, só daqui para a frente. Porque foi feito para abafar um escândalo muito grande”. Este escândalo estava ligado a um neto bastardo do rei, que seria filho de uma princesa sua filha e de um escravo negro que a houvera engravidado. Assim, o monarca mandou construir este paço, isolado no meio da charneca entre Almeirim e Coruche, para aqui ficar degradado o seu neto preto e o seu pai, porque se tinha de abafar o escândalo.

O Rei Preto nas comemorações dos 500 anos do Paço Real da Ribeira de Muge (2011)

Uma outra versão diz-nos que nos escravos que para aqui vieram, veio um que era muito mau e muito ladino. Era filho do rei lá na sua terra, em África, e aqui tinha regalias especiais, devido a essa mesma filiação. Ficou de tal forma esta figura incrementada nas memórias populares, que é recorrente ser apelidado qualquer rapaz mais travesso e moreno como “rei preto”.

Tendo a lenda presente, e indo de encontro aos factos, não menciona a documentação da época nenhuma alusão a um neto bastardo do rei preto, nem tão pouco a um escravo que era filho de um rei em África. Contudo, encontramos várias alusões a negro que são tratados de forma preferencial em relação aos demais, e que muitas vezes nem têm o estatuto de escravos.

Num documento de 1528, citado e analisado por Vasconcellos (1926) e Evangelista (2011), é mencionado um escravo para além dos outros, que receberia à parte 2$580 (enquanto os demais tinham 42$650 para cerca de 30 almas). Segundo Evangelista (2011), é possível que este outro fosse Fernão Frade, que mencionamos aqui. Ainda este mesmo documento alude a uma outra distinção: atribuiu ao almoxarife 2$580 para mantimento, vestir e calçar uma preta, com a qual casou o preto Diogo Lopes.

Seria algum destes três (Fernão Frade, Diogo Lopes ou a sua mulher), o famoso Rei Preto? Não o poderemos afirmar, contudo, é bem de salientar o seu tratamento preferencial, em relação aos demais. Por fim, convém salientar que Fernão Frade, como Evangelista (2011) menciona, é o preto responsável pela capela do Paço Real da Ribeira de Muge.

Bibliografia e fontes:

EVANGELISTA, Manuel (2004). Lendas da Ribeira de Muge. S/l: Edição Junta de Freguesia de Fazendas de Almeirim e Junta de Freguesia da Raposa.

EVANGELISTA, Manuel (2011). Paço dos Negros da Ribeira de Muge: A Tacubis Romana. S/l: Edição do autor.

EVANGELISTA, Manuel (2013). Contos do Rei Preto. S/l: Edição do autor.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Leonarda Maria, uma proprietária na Ribeira de Muge da primeira metade do séc. XVIII

Como seria a Ribeira de Muge na primeira metade do séc. XVIII? Quantas pessoas aqui viveriam e em que condições? O que faziam? O fausto da presença da corte já se tinha perdido. Contudo, a coroa continuava a ser proprietária da Coutada da Ribeira de Muge, e o almoxarifado continuava a ter sede no Paço Real da Ribeira de Muge, agora chamado “Passos dos Negros”, apesar do almoxarife já não estar obrigado a residir no paço. Ao analisar os registos paroquiais da época encontramos algumas personalidades sucessivamente referidas, o que nos faz concluir que teriam aqui alguma importância. Hoje iremos deter-nos numa delas.
Moinho da Várzea Redonda, na atualidade. Leonarda Maria foi sua proprietária na primeira metade do séc. XVIII.

Leonarda Maria é nomeada várias vezes entre 1713 e 1728, como sendo moradora ora na Várzea Redonda ora no Moinho da Várzea Redonda. É comum aparecer nos registos paroquiais a diferença entre uma coisa e outra. A primeira menção que temos conhecimento é o batismo de sua filha, Isabel, a 19 de agosto de 1712. Foram padrinhos Josefa Maria de Seixas e Paulo Soares da Mota, moradores na Vila de Almeirim e sendo ele almoxarife do Paço Real da Ribeira de Muge.
 
Em 29 de outubro de 1713 Leonarda Maria fica viúva. O seu marido, José Marques, morre com todos os sacramentos e é sepultado no canto nascente do altar da Igreja Paroquial de Santo António da Raposa. Deixa um testamento onde lega à sua mulher a Ponte Velha. A cinco de maio do ano seguinte é batizado outro filho de ambos, Manuel, sendo padrinhos Manuel Lopes e Maria Nunes. Sendo os batismos feitos em crianças, podemos supor que Leonarda Maria seria ainda uma mulher nova e que ficou viúva relativamente jovem.
 
De 22 de agosto de 1716 temos conhecimento de uma provisão, onde Leonarda Maria pede para cultivar umas bicadas de terreno junto a um moinho que possuía na Ribeira de Muge. É invocado nesta que tal coisa era prática pelos donos dos outros moinhos vizinhos. Não sabemos ao certo a que moinho se referia a dita provisão, atendendo a que Leonarda Maria possuía dois moinhos (o da Várzea Redonda e o da Ponte Velha). Para além destes, entre o “Passo dos Negros” e a Raposa (sede paroquial), existiam à época os moinhos de Paulo Soares da Mota, do Pinheiro, da Parreira e da Raposa.
 
Data de 31 de maio de 1718 uma escritura de emprazamento onde Leonarda Maria apresenta um pedido à coroa para renovação do aforamento do Moinho da Ponte Velha. Seria possivelmente esta situação despoletada pela morte do seu marido, José Marques, cinco anos antes? Temos de ter presente que os aforamentos se faziam em três vidas, renováveis. Seria a de José Marques a terceira? É referido que o aforamento, em três vidas, contaria como sendo Leonarda Maria a primeira. Esta faz ainda um pedido para lhe ser baixado o foro (15 alqueires de trigo e 15 alqueires de cevada), pois o moinho, com três casais de mós, encontrava-se degradado.
 
No ano seguinte, morre um escravo que Leonarda Maria possuía – Pedro Tinoco, de morte súbita. É sepultado no corredor da igreja paroquial. Dos anos seguintes, temos conhecimento de quatro batismos em que Leonarda Maria é madrinha, a saber:
 
- Mariana, filha de Diogo Vieira e Maria Nunes, moradores no Moinho da Ponte Velha, a 14 de janeiro de 1720.
- Leonarda, filha de Pedro Fernandes e Josefa Maria, moradores no Moinho da Várzea Redonda, a 12 de janeiro de 1721. Foi madrinha com João Luís.
- Antónia, filha de Pedro Fernandes e de Josefa Maria, moradores na Várzea Redonda, a 15 de novembro de 1722. Foi madrinha com João Vaz.
- Ana, filha de Domingos Martins e Maria da Silva, moradores no Moinho da Várzea Redonda, a 26 de julho de 1723. Foi madrinha com o seu filho, José Marques.
 
A 24 de julho de 1727, morre Leonarda Maria, na Várzea Redonda. É sepultada no n.º 7 da Igreja Paroquial de Santo António da Raposa. No ano seguinte casarão dois dos seus filhos. Isabel Maria (a ser a mesma Isabel que é batizada em 1712, teria cerca de 17 anos), a 1 de julho, com António Costa, de Alpiarça, assim como as testemunhas do casamento. A 24 de agosto casa José Marques, com Tomásia Dias (de Torres Novas). São testemunhas deste casamento Diogo Vieira (morador na Raposa) e Luís Dias (morador na Várzea Redonda). Estes dois estabeleceram relações de algum modo com a família de Leonarda Maria, tendo em conta que viveram nas suas propriedades. Desconhecemos contudo os vínculos que lhe tinham.
 
Por fim, podemos inquirir-nos: como se pode inserir Leonarda Maria na sociedade do séc. XVIII? Temos evidências bastantes para concluir que não era uma simples mulher camponesa. Contudo, cremos ser excessivo poder considera-la uma pequena fidalga ou até burguesa (este seria o caso dos Soares da Mota, que viviam na Vila de Almeirim, e não no meio da charneca).
 
Cremos ser possível que Leonarda Maria seria ao século XVIII aquilo que no século XX se chamou “uma lavradora”. O seu marido fez testamento, o que não era muito comum à época, segundo os registos paroquiais. Trazia aforadas duas propriedades, nas quais viviam várias famílias. Com efeito, entre 1717 e 1727 há nos registos paroquiais três agregados diferentes no Moinho da Ponte Velha e nove no Moinho da Várzea Redonda. Para além disto, temos ainda de ter presente que Leonarda Maria é chamada a ser madrinha de quatro crianças de pessoas que viviam nas suas propriedades.
 
Por outro lado, e tendo presente que Leonarda Maria terá ficado viúva relativamente nova (tinha filhos que ainda nem sequer eram batizados), podemos perguntar-nos a razão pela qual não terá voltado a casar. Com efeito, é comum encontrarmos registos de viúvos que voltam a casar. Contudo, Leonarda Maria não o faz. Será que ao casar esta perderia direito às propriedades que tinha, passado estas para alçada do seu marido?
 
Fontes documentais e bibliográficas:
(1706-1741). Livro dos defuntos, dos baptizados e dos casados – Raposa (Sto. António).
(1716). “Leonarda Maria, Provisão”, Chancelaria de D. João V, livro 46, folhas 318v a 319v.
(1717). “Leonarda Maria, Carta de Emprazamento”, Chancelaria de D. João V, livro ??, folhas 347 e 347v.

EVANGELISTA, Manuel (2011). Paço dos Negros da Ribeira de Muge – A Tacubis Romana. S/l: Ed. de autor. 

terça-feira, 29 de julho de 2014

Academia Itinerarium XIV traz à cena “Candonga” Lar de S. José



A “Candonga”, peça de teatro escrita e encenada pela Academia Itinerarium XIV, celebra o sofrimento do povo quando o Estado Novo impôs um racionamento de géneros, como o arroz e a farinha (entre outros), enviando grande parte destes para a Espanha (durante a Guerra Civil) e a Alemanha Nazi (durante a 2.ª Guerra Mundial), votando os portugueses à fome de um pão racionado que não chegava para todos. “Candonga” quer dizer “contrabando de géneros alimentares”. Foi isso que aconteceu em Paço dos Negros, e por toda a Ribeira de Muge: os moinhos, proibidos de trabalhar, contrabandeavam a produção de farinha e o descasque de arroz que cada um ia conseguindo roubar, mas sempre pela calada da noite. Às cinco da manhã tudo, teria de estar limpo, como se nada se tivesse passado.


“Candonga” passa-se numa noite deste tempo. Um rude casal de moleiros vai recebendo os seus fregueses, que aí se dirigem para comprar os géneros contrabandeados ou já levam aqueles que conseguiram ocultar da fiscalização. Baseada em pequenos episódios relatados pelas pessoas que viveram estes tempos, esta peça, apesar do humor que a ponteia, pretende ser sobretudo um tributo e um contributo à memória destes tempos, para que desta forma este património imaterial não se perca.



Esta peça foi criada de propósito para a comemoração do Dia Nacional dos Moinhos, em Abril passado, tendo sido encenada no Moinho do Fidalgo. O convite por parte da Santa Casa da Misericórdia de Almeirim para a sua realização no Dia dos Avós, para os avós que viveram estes tempos, muito orgulha a Academia, que assim vai cumprindo o seu papel de divulgação do património da Ribeira de Muge, nas suas mais variadas vertentes. Cremos ter cumprido o nosso papel, pois os avós, no final, perguntaram por mais. 

 
 
Fotos e vídeo Jornal "O Almeirinense"

segunda-feira, 30 de junho de 2014

O Dia Prodigioso





Peça de teatro protagonizada pelos elementos da academia, apresentada no dia 10 de junho. É a história de um militar chamado para a Guerra Colonial e as angústia de uma família. 

terça-feira, 24 de junho de 2014

S. João Baptista, o primeiro patrono de Paço dos Negros.

Sendo hoje o dia de S. João Baptista, e sendo ele o patrono da capela do Paço Real da Ribeira de Muge, parece-nos ser o dia ideal para apresentar este tema no empreendimento anual que fizemos sobre o paço. Tendo a religião uma forte presença no dia-a-dia do séc. XVI, e sendo os monarcas portugueses extremamente religiosos, faz todo o sentido que a construção de um paço previsse a existência de um templo religioso.
  

São João Baptista, no altar-mor da Igreja Paroquial de Almeirim.
Escultura atribuída a Machado de Castro.

O primeiro capelão que temos conhecimento foi o frade franciscano da Ordem Terceira, Diogo Pacheco, datando de 1532 o pedido ao papa por D. João III para que este servisse na “capelania da capela dos meus paços da Ribeira de Muge”. Este pedido menciona que o rei estava “de sua bondade bem enformado e por os vezinhos dali d’aredor estarem dele e de seu serviço contentes”. Poderá esta afirmação querer dizer que este religioso já exercia o cargo, tratando-se o pedido apenas de uma oficialização?

A 2 de setembro de 1551 foi nomeado para o cargo de capelão António Valente, clérigo de missa, residente em Santarém. Este teria de dizer missa na “capela dos Paços da ribeira de Muja” aos “domingos e festas do ano somente, e todas as outras missas que nela for obrigado a dizer, dirá nesta vila de Almeirim”. Não tinha este obrigação de viver no paço, e tinha como ordenado seis mil reais, três moios de trigo, um tonel de vinho e quatrocentos reais para palha. A nomeação de António Valente foi em substituição de Frei Pedro Mora, que falecera. Teria existido algum outro capelão entre este Frei Pedro Mora e Diogo Pacheco?


Edifício conhecido como “Escolas Velhas”, onde existiu a Igreja do Divino Espírito Santo da Ordem Terceira de S. Francisco.

Sabemos que em Almeirim existia, desde 1527, uma Igreja e um Hospital dedicados a Nossa Senhora da Conceição, ligados à Igreja do Divino Espírito Santo, sede da Ordem Terceira de Francisco. Não seria estranho se Diogo Pacheco estivesse ligado a esta instituição, sendo por isso normal a sua nomeação para capelão da capela do paço em 1532. Já Frei Pedro de Mora, é mencionado num recibo de uma tença em 1525 como prior do Convento de Nossa Senhora da Serra. Quanto a António Valente, podemos levantar algumas interrogações. Seria também um frade do Convento da Serra? Ou a ausência da sua designação como “frei”, relevaria que pertencia ao clero regular? Com efeito, a sua nomeação diz que era “clérigo de missa, morador da vila de Santarém”, não aludindo a qualquer casa monástica ou conventual.

O que é facto é que a partir do dia de S. João Baptista (24 de junho) de 1560, passava a capela do Paço Real da Ribeira de Muge para os frades. O Alvará menciona que tal acontece por falecimento do capelão, António Valente. Passavam estes a receber o mesmo valor em géneros e dinheiro que recebia António Valente, mediante uma certidão do almoxarife do paço, em como efetuavam os serviços para os quais eram nomeados. Estabelece-se a partir daqui uma relação entre estas duas casas, que falamos aqui.


Pórtico do Convento da Serra, único vestígio arquitetónico subsistente desta casa conventual no lugar onde ela se ergueu.

Os documentos encontrados por Evangelista (2011) aludem a duas capelas neste espaço. Uma, de invocação de S. João Baptista (mencionada em 1758 e 1764) e a Real Capela de Nossa Senhora da Graça (aludida em 1749). O autor aventa que a primeira capela seria de utilização pública, para as celebrações religiosas e que aí assistiriam não só os residentes no paço como também as populações que vivessem nas cercanias (o que pode ser corroborado pelo facto de o pedido de súplica para Diogo Pacheco mencionar que a população estava contente com ele). A outra seria de uso privativo dos monarcas, e as cerimónias aí realizadas seriam de validos próximos a estes. Noutros documentos aparece apenas a referência à “capela [ou ermida] de Paço dos Negros” ou então “Real Capela de Paço dos Negros”, sendo que, com a ausência de invocação, se deduz que a adjetivação de “real” se refere à Capela de Nossa Senhora da Graça.

Tendo presente esta linha de pensamento, pode inferir-se que o edifício que chegou aos nossos dias no complexo do paço será a Capela de S. João Baptista, pela feição que tem, marcadamente pública, isto é, aberta a todos. Ficou registada a memória de ainda ter funcionado, ainda que esporadicamente, em ofícios religiosos, até à segunda metade do séc. XIX. Desta forma, podemos levantar a questão: onde ficaria a Real Capela de Nossa Senhora da Graça? Dela já se perdeu a memória. Sendo uma capela de cariz privativo e particular (quem sabe, até pouco mais que um pequeno aposento adornado com um oratório, ainda que ricamente decorado), ficaria na parte residencial do paço, precisamente aquela que desapareceu e que aludimos aqui


Reconstituição do interior do paço, com o enquadramento da capela.
Aguarela de Maria Nélia Castelo.

A Capela de São João Baptista é um edifício de uma só nave, com telhado de duas águas. Estaria inserida no alpendre existente na frente daquela parte do paço, que arrancando da parede do pórtico, faria um L no pátio. Na fachada principal tem uma janela gradeada, alinhada com a porta. A porta tem a soleira em cantaria, ainda que sem decorações de relevo, ou pelo menos estas não chegaram aos nossos dias. O edifício tem ainda à direita da porta um contraforte arredondado. Teria sido adicionado aquando da demolição do alpendre, para reforço da estabilidade do edifício? Antes de ter sido rebocada, era visível acima da porta um buraco. Há memórias que acima da porta da capela existia uma pomba em pedra. Seria uma invocação do Espírito Santo, nesta capela? Ou seria o buraco simplesmente originário do arranque de uma trave do alpendre?


Interior da Capela de S. João Baptista, em 2009.

 Exterior da capela, em 2006. É visível o buraco por cima da porta.

A capela foi dessacralizada no final do séc. XIX ou início do séc. XX. Sabemos que teve anos a fio a função de celeiro do moinho, sendo que, por essa razão, levou entaipada a porta da frente e passou a ser utilizada a porta das traseiras. Não sabemos se essa mesma porta foi apenas rasgada nessa altura, ou se já existia. Parece contudo estranho que, sendo rasgada nessa altura, levasse uma abóbada em tijoleira como tem. De estranhar igualmente o nicho existente junto a esta porta, entaipado, mas abobadado.


Capela em 2002, onde é visível a porta entaipada. 


Fachada traseira da capela, em 2006. Porta possivelmente rasgada no início do séc. XX. É visível o nicho entaipado à direita.


Nicho entaipado, após ter sido rebocado.

Bibliografia
(1532). Carta de D. João III ao Doutor Brás Neto. Pag. 716-720, 2013. XI, 8-19.
CASTELO, Maria Nélia (2012). O Palácio Manuelino da Ribeira de Muge, trabalho de âmbito académico do seminário em Itinerários e Paradigmas Monumentais.
CLÁUDIO, António (2005). “As Escolas Velhas”, Conhecer Almeirim, vol. 2. S/l: Ed. Câmara Municipal de Almeirim.
EVANGELISTA, Manuel (2011). Paço dos Negros da Ribeira de Muge: A Tacubis Romana. S/l: Edição do autor.