A Ribeira de Muge fica situada na orla de um dos maiores desertos humanos de Portugal, a floresta de Entre-Muge-e-Sorraia. Esta região pode exibir ainda hoje uma cultura com traços característicos muito próprios, mormente a rude cultura dos pastores, cabreiros e dos negros que aqui habitaram. São estas especificidades que a Academia persegue, "subindo ao povo", como nos diz o grande Pedro Homem de Melo, recolhe, estuda e divulga.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Drepanociptose – (Ciência pouco científica)

Erros como os que vamos verificar, porque sistemáticos, têm vindo a contribuir para a ignorância sobre o Paço Real da Ribeira de Muge. E a ignorância é a mãe de todas as destruições deste e doutros paços, na qual os políticos, e outros, desde sempre se têm apoiado.

Encontrámos uma uma brochura elaborada por equipa do Hospital de Santarém, sem data, como conclusão de um estudo sobre a drepanociptose, o qual contém um rol de incorrecções relativamente ao o Paço dos Negros da Ribeira de Muge. Porque o documento parece empenhado em afirmar tudo quanto é contrário à realidade histórica, passemos a analisar o que o mesmo diz. Logo a abrir, em Notícia Histórica,

citamos a página 7:

«A presença de raça negra nos concelhos de Almeirim e Coruche não pode fixar-se antes do século XIX, ao contrário do que ainda defende uma tradição sem fundamento.

Nos períodos em que a Corte viveu em Almeirim, correspondendo aos anos 1500 a 1578, admite-se que alguns escravos a tivessem seguido para o desporto de caça que se praticava na região, mas os casos a apontar são esporádicos.

Por tal motivo, não se confirma a tradição de que houve no sítio de Paço dos Negros, uma fixação africana de onde derivou o topónimo de Paço dos Negros. Esse local da freguesia da Raposa e concelho de Almeirim nunca é citado nos registos paroquiais, nem em relatos de viagens do tempo, como sendo o de negros ali residentes.

Existe ali um palácio sem dúvida senhorial, pelo brasão do século XVI que encima a portaria e que presumimos ter sido a residência de caça do fidalgo Fernão Soares, pagem do livro de D. João III, falecido em 1544 e que jaz no vizinho convento de Nossa Senhora da Serra.

Como Paço dos Negros, essa moradia hoje desprovida do traço original, só no século XIX passou a ser conhecida.

No século XIX, sim, viveram ali grupos de africanos que os governos da Regeneração fizeram vir para a metrópole afim de os adaptar a vários tipos de vida agrícola.»

Na página 12: «Em 1890 chegaram centenas de pretos de Angola a Lisboa, destinados a trabalhos agrícolas. Foram distribuídos por várias regiões entre elas a de Santarém…muitos deles foram levados certamente para Ameirm e Coruche – onde já havia outros desde 1850-para a cultura do arroz. Foram eles os ascendentes de muitos habitantes que hoje vivem nas Fazendas de Almeirim, Raposa, Lamarosa, e localidades próximas. Admitido gerações de 20 a 25 anos, temos a concluir que essas populações se radicam no Ribatejo há 130-110 anos, o que corresponde a 4 ou 5 gerações.»

Na página 23: «Embora Paço dos Negros – nome de povoação – estivesse na origem da escolha da área a estudar e dados históricos nos pudessem confirmar a existência de negros nesta mesma região, foi-nos negado o conhecimento de antecedentes de raça negra em todos as crianças com traço drepanocitário.»

Com todo o imenso respeito que possamos ter pelos nomes que constam da Ficha Técnica, não podemos deixar de repor a verdade histórica neste caso, ao qual, se nos aspectos técnicos e da temática da “doença” em estudo não temos nada a dizer, embora pensemos que não será a mesma coisa terem as populações estudadas 500 anos de contacto com gentes africanas, e 100 anos, como são as premissas em que se baseia o referido estudo e nos querem fazer crer:

1 – A presença de populações africanas não é uma tradição sem fundamento. Temos acesso a largas dezenas de documentos que nos dizem quando vieram (logo a partir de 1511), quem os pediu, quem os enviou, quantos eram, a quem pertenciam, o que recebiam para seu mantimento, etc.

2 - Este Paço é mencionado em larguíssimas dezenas de documentos das diversas chancelarias reais, sempre referido como “os meus Paços da Ribeira de Muge”, a partir de 1685 “os meus Paços dos Negros da Ribeira de Muge”. É o caso da nomeação real dos 14 almoxarifes do Paço.

O próprio documento, de 1511, 22 de Abril, em que o contador mor de Santarém dá conta ao rei D. Manuel do estado dos terrenos, seus donos e escrituras, e do que é necessário para o “aviamento das obras”. nesta, pede logo ao rei que lhe mande uma dúzia de escravos. Escravos que recebeu. Em 1529 eram já 30.

3 – Não se trata de uma mera casa senhorial. D. Manuel I, D. Sebastião, D. Catarina, aqui gostavam de se recrear. O caso do pagem Fernão Soares, com moradia neste paço, esse sim, é pura especulação, pois não nos aparece referenciado em nenhum documento referente a este paço.

4 - A cartografia, que já no século XVII referencia o paço como o “Paço da Serra”, “Palácios”, e o “Vale de Negros” nesta região.

5 - O facto de não aparecer mencionado nos registos Paroquiais, dever-se-á a erros de compreensão do próprio questionário, pelo pároco de Raposa, como se verifica pela forma desordenada, repetitiva, incompleta e ilógica da ordenação das respostas, que tem como consequência ser considerado, em 1758, pelo visitador do patriarcado: «João Rodrigues Delgado, não é mal procedido, pouco letrado, e não é muito vigilante em ser perfeito pároco…», e os negros já estarem assimilados, e ou dispersos pelos casais em redor, como o prova o funeral de um escravo, Pedro Tinoco, na igreja de Raposa, em 1719, que morava no moinho da Várzea Redonda.

6 - A afirmação de que o paço só passou a ser conhecido a partir do século XIX, trata-se de uma outra ideia preconcebida, pois foi precisamente a partir do ano de 1834, data da extinção dos conventos, com o fim da missão dos frades dominicanos de Nossa Senhora da Serra de ao Paço dos Negros virem dizer missa, de que temos registos até esta data, até ao limiar de 1900, com a venda do paço, estando o Paço na posse da Casa de Atalaia/Tancos, e após esta venda, cerca de 1880-1919, e sua ruína, que a história deste Paço e lugar, é mais apagada e nebulosa.

A concluir, devo dizer que tenho interrogado pessoas que nasceram no início do século XX, mesmo finais do século XIX, (minha mãe nasceu em 1913, meu avô nasceu em 1864, convivi com ele 12 anos), pessoas que há 20 anos interroguei, e na altura tinham 100 anos (por esse motivo as interroguei), e ninguém tem memória da existência de pessoas negras, mulatas ou pardas, na região. O que não aconteceria se porventura tivessem vindo em 1890.

Sinteticamente embora, espero que tenha ficado claro este erro. Das premissas e das conclusões do documento não nos pronunciamos. Só esperamos que a discrepância temporal, não obste a considerar válido o resultado dos estudos. Um problema deles técnicos de saúde.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Saberes e dizeres populares da Ribeira de Muge

Ditos do dia de S. Brás, recolhidos em Paço dos Negros:

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De Fevereiro, o terceiro guardarás, que é o dia de S. Brás.

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Dia 3 é dia de S. Braz. É o protector da garganta. As mulheres pediam para terem boa voz para cantar, e saúde para os meninos que podiam morrer engasgados. Diziam: S. Braz acuda ao rapaz!

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No dia de S. Braz, ou o Inverno está para diante ou está para trás.

clip_image007Se o S. Braz estiver a rir, está o inverno para vir, se estiver a chorar está o inverno a passar.

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Havia um homem que trabalhava todos os dias santos. Um seu vizinho perguntava-lhe se ia trabalhar, ele respondia que sim.

- Mas olha que é dia santo.

- Que dia santo? – E ficavam assim.

Vinha outro dia santo e era a mesma coisa…

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Depois veio o dia de Santa Maria.

- Então amanhã vais trabalhar?

- Pois vou.

- Mas amanhã é dia santo.

Que santo?

- Dia de Santa Maria. O dia dos olhos.

- Olha se me tirar um, ainda fico com o outro.

No dia a seguir é o dia de S. Brás.

- Então amanhã vais trabalhar?

- Vou. Então porque é que não hei-de ir?

- Olha que amanhã é dia de S Brás.

É pá em S. Brás é que eu não vou, porque goela há só uma.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

CONSTRUINDO A HISTÓRIA E A CULTURA

Neste trecho, Pedro Matela contador-mor de Santarém e Abrantes, pede ao rei que mande uma dúzia de escravos para a construção do Paço da Ribeira de Muge. Escravos estes que ficaram e que deram o nome à terra. Tem data de 22 de Abril de 1511. Com base neste documento pensamos acrescentar algo à Cultura de Paço dos Negros, nesta data histórica da terra, 22 de Abril.
«Outrossim senhor os servidores para servirem na dita obra por ser alongada de conversação hão-se trabalhosamente e por mor aviamento da obra me parece que será vosso serviço mandar a ela uma dúzia de escravos e eu mandarei mui bem cuidar deles e estarão na dita ribeira e servirão e forrarão dinheiro a vossa alteza por que posto que os que estavam em Almeirim fizessem pouco proveito e foram mal vendidos estes farão mais proveito e serão melhor vendidos quando vossa alteza mandar por que eu proverei em tudo como cumpre a vosso serviço.»
Folha do despacho
(curiosidade: na metade esquerda do doc., em baixo, pode ler-se “A el-rei nosso senhor” escrita invertida). 17  anexo Matela


sábado, 19 de janeiro de 2013

A minha guerra em paz, numa Terra que era uma promessa a acontecer

Porque um amigo (re) publicou na Net e porque de várias partes do país, por alguns Amigos, me chegou um feedback, e ainda porque o artigo do Correio da Manhã, resumido, talvez por falta de espaço, de algum modo não transmitiu toda a ideia subjacente, eis o artigo completo:

«A minha ida à guerra do Ultramar foi um pouco diferente dos dramas que o “Correio” tem apresentado, e que sempre leio, com respeito pelo sofrimento de tantos. Trabalhava “nas obras”, para mim foi o agarrar de uma oportunidade.

Eis o que recordo deste período que me fez alimentar o sonho e crescer para a vida:

Passei por Coimbra e Figueira da Foz, onde fiz a recruta e especialidade de condutor. Em Santarém veio a mobilização para integrar o Pelotão de Apoio Directo 9782. Um grupo de 52 especialistas em reabastecimento de peças, mecânica-auto, pintura, socorro de viaturas, carpintaria, armaria, soldadura de urnas, etc. Aguardámos o embarque de Março a Junho de 73, no Entroncamento, e depois em S. Margarida. Ali o nosso sargento Bastardo, homem culto, fazia umas palestras culturais. Era o início de um sonho.

Embarcámos em avião da TAP, no dia 23 de Junho. Recordo-me que nesse dia, havia festa na aldeia, triste, mal me despedia de minha mãe e, de motorizada, o velho caminho da estação de Santarém era novo, um sentimento feliz me invadia, o vento a bater na cara parecia voar nas nuvens. Inconsciente? Sonhador? Talvez.

Na manhã de 24 chegámos a Luanda. Aquele bafo ao sair do avião, o calor, aquele cheiro a África, marcou-me.

Estivemos até ao dia 29 no Grafanil. Tínhamos alguma liberdade de ver a Luanda moderna, sedutora, colorida, bem diversa de uma metrópole velha e vestida de negro. Ali se juntaram ao PAD alguns soldados africanos negros.

Fizemos 1050 kms de MVL (viaturas civis), até Henrique de Carvalho. Via-se um grande surto de progresso na cidade. Muitas gruas. As principais ligações estavam já asfaltadas, muitas estradas e pontes em construção.

Mas eram notórios aspectos positivos e negativos, um misto de integração e segregação: À chegada, quando da ocupação da camarata, faltavam colchões de espuma para os africanos. Foi um momento tenso. Estes reclamavam da discriminação na sua terra. Três soldados, representando o Portugal profundo na sua matriz cultural, coesão e diversidade, juntaram-se ao protesto dos africanos. Um da politizada Beja, com argumentos políticos, outro da religiosa Braga, de Joane, Famalicão, com argumentos religiosos, e este que escreve estas linhas, com argumentos humanistas e sociais.

E o comandante concertou com o Batalhão, e fez-se justiça aos autóctones sob o seu comando. Fiz amigos entre eles. No próprio PAD, em sala e horário dedicados, um furriel como professor, e alguns dos africanos fizeram o exame da quarta classe. Sinto orgulho de ter participado. Um deles veio a tirar a carta de condução.

Logo se apresentou um regimento de lavadeiros, um exército de rapazes dos quimbos, a troco de uns escudos, poucos, que lavava a roupa aos soldados.

Incentivado pelo nosso sargento, em Setembro realizava já o meu sonho, tinha aulas do 5º e 6º anos, na cidade; tendo concluído com exame em Março de 74, ao abrigo de regime militar. (seria o início de um longo processo que terminou mais tarde na U. Nova de Lisboa). Nas férias tirei a carta de condução de pesados. Matriculei-me no ano lectivo seguinte, mas o regresso antecipado, devido ao 25 de Abril, interrompeu este percurso.

Havia sempre torneios de futebol, motocross, cinema no cine- Chicapa, ou na Base Aérea, piscina ao domingo, “praia” nas quedas do rio Chicapa.

Claro que havia as saudades. Recordo-me das saudades que tinha das memórias da minha aldeia: do frio, da aguardente e das passas de figo. Hoje não teria saudades do frio, não.

Fiquei responsável pelo pronto-socorro e pela estação de serviço. Acompanhado de um furriel, um cabo e um soldado, que se revezavam, e o meu “amigo”, o velho Diamond, que consumia 50 litros de gasolina aos cem, e que operava num raio de 300 km, fazíamos serviços a civis, ou viaturas militares impossibilitadas de locomoverem até ao PAD para serem reparadas.

Várias vezes percorri as longas distâncias nas Lundas dos quiocos, tanto de dia como de noite. Tiros nunca ouvi. Sorte? Ou a paz dos diamantes da Lunda?

Nestas viagens, viam-se mulheres, crianças e velhos, errantes na sua própria terra, na margem das estradas, carregando os seus haveres, em longas distâncias que, dizia-se, era a estratégia da guerrilha, andar com a casa às costas, devido à fuga dos homens válidos para o outro lado da barricada, no território, ou para lá da fronteira, e a quem a tropa dava boleia, no que se dizia fazer parte da “acção psicológica”.

Mas a acção da tropa não era sempre assim tão nobre, quiçá aconteceram abusos destas mulheres, por militares. Envergonhei-me um dia, ao ver uma perseguição e debandada destas caminhantes, entre Cacolo e Henrique de Carvalho.

Certo dia numa paragem em Muriége, quando espoletávamos umas cervejas, surge, entre outros, um negrito de oito, nove anitos, tão meigo como despido, de olhos tristes, que mal sabia falar português. Era hábito estas crianças pedirem uma moeda “ao branco”. Prontifiquei-me a dar uma moeda, mas um deles não aceitou o gesto. Perguntei-lhe o nome: – Terra – respondeu o negrito.

Terra nome, naquele lugar, contexto e cultura, meditei, mas não apreendi o significado.

Terra, um nome que era uma promessa a acontecer em Angola?

Pouco tempo depois aconteceu o 25 de Abril.

No final de 74 assisti aos primeiros comícios, em paz, em Henrique de Carvalho.

Regressou todo o PAD a Luanda antes do Natal. Passámos mais de um mês na Luanda da linda baía e das belas praias, comprámos prendas, não vi violência na cidade. Regressou o PAD/9782, em avião da TAP, no dia 28 de Janeiro de 75, um dia que sendo uma promessa numa terra a acontecer, se tornou num dia fatídico para Angola: o dia em que tomou posse o primeiro governo formado pelos três partidos angolanos, o dia que, de algum modo, quiçá adiou a promessa daquele menino e começou um longo período negro de guerra civil.

Manuel Evangelista, 61 anos, casado, três filhos. Natural e residente em Paço dos Negros, Almeirim. Ex-Inspector-chefe de Trens e Revisão da CP. Reformado.

Estive em Angola de Junho de 1973 a Janeiro de 1975»

Nota: um grande abraço ao meu Amigo Veiga Trigo. Tu já não te lembrarás, mas eu recordo-me bem que foste tu o maior impulsionador para se fazer justiça aos soldados africanos, logo à chegada.

eis algumas fotos que não foram publicadas:

PAD COMPLETO, SEM OS AFRICANOS.

tropa definitivo

AO DOMINGO, NAS PISCINAS

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PARA MAIS TARDE RECORDAR

macaco h. carvalho 73

PRIMEIRO LUGAR NUM TORNEIO DE FUTEBOL. Árbitro: Veiga Trigo.

pad torneio 74 1º lugar

Paragem em Muriége, terra do negrito Terra.

muriege agosto 74

primeiro comício do MPLA em H. Carvalho, com alguns Amigos negros.

primeiro comício mpla H. Carvalho 1974

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

A Espera dos Reis


Uniram-se o Rancho Folclórico de Benfica do Ribatejo e a Academia Itinerarium XIV da Ribeira de Muge e saíram pelo Concelho a viver uma velha tradição, que andava um pouco esquecida.
Foram dois dias de algum cansaço mas de grande amizade, generosidade, alegria e convívio, que se pensa já não existirem.

Numa típica rua de Almeirim. A rua e a pedra que deram o nome à famosa sopa da pedra de Almeirim. (HOMENAGEM A DONA MARIANA, A SUA CRIADORA).

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Num dos muitos e famosos restaurantes do concelho.
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Numa casa particular
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No nosso almoço-convívio. (oferta de uma generosa família. obrigados Emília e Carlos).
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A todos os Amigos que generosos foram, com muito improviso, mas com muita dedicação, e com votos de um Feliz 2013, eis algumas das peças recreadas:

Ó Jesus Bendito, tradicional de Vila Verde.
https://dl.dropbox.com/u/4453889/Jesus%20Bendito.mp3

Oh meu menino Jesus (Tradicional de Campo Maior- Michel de Giacometti)
https://dl.dropbox.com/u/4453889/Menino%20Jesus.mp3

Natal dos Gagos (tradicional recolhido pela Academia em Gagos, Paço dos Negros, Almeirim)
https://dl.dropbox.com/u/4453889/Natal%20dos%20Gagos.mp3

FELIZ 2013 A TODOS OS PORTUGUESES.