A Ribeira de Muge fica situada na orla de um dos maiores desertos humanos de Portugal, a floresta de Entre-Muge-e-Sorraia. Esta região pode exibir ainda hoje uma cultura com traços característicos muito próprios, mormente a rude cultura dos pastores, cabreiros e dos negros que aqui habitaram. São estas especificidades que a Academia persegue, "subindo ao povo", como nos diz o grande Pedro Homem de Melo, recolhe, estuda e divulga.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

O Moinho dos Foros

 

O moinho dos Foros de Benfica é mais um monumento que se prepara para nem deixar rasto. No sopé da Serra de Almeirim, era bem imponente.

 

moinho foros benfica 021

moinho foros benfica 022

domingo, 15 de julho de 2012

O Património

 

Paço dos Negros. O Lagar de azeite.

É pena não haver sensibilidade para se reconhecer o valor patrimonial, histórico, cultural, mesmo económico, no futuro, que tem, para uma aldeia pobre, um monumento destes. Junto da escola, o que deveria ser um bom exemplo para o ensino e aprendizagem, para os alunos, é, antes, um mau exemplo de como é natural deixar-se morrer o que é velho. Incluindo as pessoas.

Já sei que devido ao caciquismo reinante, vai haver um coro de vozes críticas, “dizem as ditas: “naquilo que é seu, cada um faz o que quiser”. Faça-se.

Ignoram que a história e a cultura não têm dono.

Francisco Fernandes, antigo dono, e filho, com trabalhadores .

Cópia de lagar francisco mestre sousa

Estado actual.

lagar de azeite

terça-feira, 10 de julho de 2012

O Cancioneiro religioso da ribeira de Muge

 

Ainda existem pérolas perdidas. É preciso apenas procurá-las e não andar a perder tempo com folclorices serôdias que nunca aconteceram e apenas contribuem para o esquecimento da genuína cultura do povo.

É cantado por esta mulher, nascida na década de 20: Jesuína Vitória.

Jesuína Vitória

Clique para ouvir: Bendito e louvado. Uma reminiscência de ancestrais cantos que se pensava só existirem noutras regiões do país.

domingo, 24 de junho de 2012

S. João Baptista

Hoje comemora-se S. João Baptista, o  patrono do Paço dos Negros da Ribeira de Muge.

O santo que há 2000 anos foi decapitado por se atrever a dizer umas verdades e desafiar o poder.

Contactei algumas pessoas, e vejo que o povo continua ignorando 400 anos da sua história, e pior, a fazer gala disso.

Hoje, como há 2000 anos, o poder continua a servir-se da ignorância e a decapitar quem ousa dizer-lhe umas verdades.

 

Estado do telhado da capela de S. João Baptista, hoje, 2012.

102  telhado

 

Imagem do que será a capela de S. João Baptista no futuro. Claro que com uma porta outra, mais condigna.

capela paço rebocada pintada 3 transp

terça-feira, 19 de junho de 2012

Na busca da história do Paço

De um texto quinhentista, Maria Ângela Beirante, em Santarém Quinhentista: 174, desfaz as dúvidas aos cépticos mais empedernidos: «…estavam muitos mojnhos na Ribejra de muja…/… e havia outras fazendas casaes pumares e outras propriedades que todas... eram da dita ffazzenda e coroa Real e que pellos reis pasados e por mim estavam aforados (…) como também heram uns fermosos pasos que tinha na dita Ribeira de muja onde eu e os mais senhores reis antecesores foram estar e assim os príncipes e infantes…»

Sei que é um pouco de especulação mas, nuns opulentos paços como em Lisboa, Sintra, Évora, Almeirim, parece não assentar bem este retrato: uma mesa frugal, príncipes e animais pelo chão, um negro a servir. Num paço rural, de negros, fundado para desenfadamento do rei, como é o da ribeira de Muge, como assenta bem esta imagem do livro de horas de D. Manuel, o seu fundador.