O moinho dos Foros de Benfica é mais um monumento que se prepara para nem deixar rasto. No sopé da Serra de Almeirim, era bem imponente.
O moinho dos Foros de Benfica é mais um monumento que se prepara para nem deixar rasto. No sopé da Serra de Almeirim, era bem imponente.
Paço dos Negros. O Lagar de azeite.
É pena não haver sensibilidade para se reconhecer o valor patrimonial, histórico, cultural, mesmo económico, no futuro, que tem, para uma aldeia pobre, um monumento destes. Junto da escola, o que deveria ser um bom exemplo para o ensino e aprendizagem, para os alunos, é, antes, um mau exemplo de como é natural deixar-se morrer o que é velho. Incluindo as pessoas.
Já sei que devido ao caciquismo reinante, vai haver um coro de vozes críticas, “dizem as ditas: “naquilo que é seu, cada um faz o que quiser”. Faça-se.
Ignoram que a história e a cultura não têm dono.
Francisco Fernandes, antigo dono, e filho, com trabalhadores .
Estado actual.
Ainda existem pérolas perdidas. É preciso apenas procurá-las e não andar a perder tempo com folclorices serôdias que nunca aconteceram e apenas contribuem para o esquecimento da genuína cultura do povo.
É cantado por esta mulher, nascida na década de 20: Jesuína Vitória.
Hoje comemora-se S. João Baptista, o patrono do Paço dos Negros da Ribeira de Muge.
O santo que há 2000 anos foi decapitado por se atrever a dizer umas verdades e desafiar o poder.
Contactei algumas pessoas, e vejo que o povo continua ignorando 400 anos da sua história, e pior, a fazer gala disso.
Hoje, como há 2000 anos, o poder continua a servir-se da ignorância e a decapitar quem ousa dizer-lhe umas verdades.
Estado do telhado da capela de S. João Baptista, hoje, 2012.
Imagem do que será a capela de S. João Baptista no futuro. Claro que com uma porta outra, mais condigna.
De um texto quinhentista, Maria Ângela Beirante, em Santarém Quinhentista: 174, desfaz as dúvidas aos cépticos mais empedernidos: «…estavam muitos mojnhos na Ribejra de muja…/… e havia outras fazendas casaes pumares e outras propriedades que todas... eram da dita ffazzenda e coroa Real e que pellos reis pasados e por mim estavam aforados (…) como também heram uns fermosos pasos que tinha na dita Ribeira de muja onde eu e os mais senhores reis antecesores foram estar e assim os príncipes e infantes…»
Sei que é um pouco de especulação mas, nuns opulentos paços como em Lisboa, Sintra, Évora, Almeirim, parece não assentar bem este retrato: uma mesa frugal, príncipes e animais pelo chão, um negro a servir. Num paço rural, de negros, fundado para desenfadamento do rei, como é o da ribeira de Muge, como assenta bem esta imagem do livro de horas de D. Manuel, o seu fundador.