A Ribeira de Muge fica situada na orla de um dos maiores desertos humanos de Portugal, a floresta de Entre-Muge-e-Sorraia. Esta região pode exibir ainda hoje uma cultura com traços característicos muito próprios, mormente a rude cultura dos pastores, cabreiros e dos negros que aqui habitaram. São estas especificidades que a Academia persegue, "subindo ao povo", como nos diz o grande Pedro Homem de Melo, recolhe, estuda e divulga.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Vandalismo cultural

À consideração do pelouro da Cultura e da Câmara Municipal de Almeirim.

Como estudioso da História e da Cultura da Minha Terra, sinto mágoa pelo que aconteceu na noite de passagem do ano no Complexo do Paço Real da Ribeira de Muge.

Um programa de comemoração da passagem de ano que só pode revelar o conceito de amor dos seus organizadores, pela Cultura e pela História da sua terra, conceito que se pensava já estar erradicado da sociedade.

A conselho de uma senhora Arqueóloga, que esteve no Paço, foram colocados pela Academia, uns “postaletes de madeira” e uma placa, a demarcar o espaço arqueológico anexo ao pátio, para evitar que se continuasse a degradar. Mas a barbárie, neste século XXI é tamanha. É maior, muito maior, do que o amor pela cultura. Tem a exacta medida da ignorância: Não tem coração, tão pouco cérebro. Começa no estômago e acaba na sanita.

Também não será para admirar, permitirem-se arrasar os vestígios e a monumentalidade que a História nos legou, portarem-se como indivíduos e instituições indignos deste riquíssimo legado cultural, quando o seu conceito de cultura é o aviltamento da Cultura de Paço dos Negros, apresentando como sendo Folclore da terra, umas pobres cantiguitas sem qualquer valor literário, que têm autor conhecido e reconhecido, e que as pessoas, dezenas de mulheres idosas investigadas, não reconhecem como tendo-as cantado, dançado, sequer ouvido tais letras. (e músicas também).

Uma pergunta à Câmara Municipal de Almeirim: Depois da aprovação por essa Câmara, por unanimidade, da intenção de aprovação do Paço como de Interesse Municipal, em 16 de Maio de 2011 (no rescaldo das comemorações dos 500 anos, que vergonhosamente não apoiaram, nem se dignaram assistir), será para assistir a este triste espectáculo, que se recusam a aprovar o que livremente decidiram, agora que o projecto de classificação está elaborado?

Pequeno excerto da Acta de 16 de Maio:
«… Proponho, pois que seja integrada na O.T. desta Reunião o
Ponto 6: Iniciar o processo conducente à eventual classificação
de Interesse Municipal do complexo do Paço Real da Ribeira de
Muge, em Paço dos Negros.”
“é vontade politica, ou não, iniciar este processo”.
INICIAÇÃO DO PROCESSO CONDUCENTE À EVENTUAL CLASSIFICAÇÃO
DE INTERESSE MUNICIPAL DO COMPLEXO DO PAÇO REAL DA RIBEIRA DE
MUGE, EM PAÇO DOS NEGROS.
Posto a votação foi deliberado por unanimidade aprovar.»


Como pesquisador e historiador da História desta minha terra, sinto-me envergonhado com estas atitudes destes meus conterrâneos. Tudo isto seria normal se não proviesse de indivíduos e instituições pretensamente defensoras da Cultura e da História. É este um triste registo histórico.
Estou de luto, pela História e pela Cultura da minha Terra, Paço dos Negros.

Restos de fogueira



Restos de fogueira 2


Podem ver-se as lajes de tijoleira, quinhentistas

Idem


Chão pisado


Dois "postaletes" desaparecidos

"Postaletes" levantados

"Postalete" arrancado que permite a entrada de viaturas até às lages

Dois "postaletes" arrancados, e desaparecidos, que permitem a entrada de viaturas para cima das ruínas




sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

1511-2011 Paço dos Negros

Ainda a comemoração dos 500 anos do Paço
 
Música medieval num ambiente mágico
 
Strella do Dia

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Um ano em grande para o Paço da Ribeira de Muge

Neste final de ano revivamos algumas fotos do encerramento das muito dignas comemorações dos 500 anos do Paço Real da Ribeira de Muge.





  
 

 

 

 
 

 

 

 

 
 

 

Ainda as comemorações dos 500 anos do Paço

 Paço dos Negros, de algum modo, revive as suas origens


terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Academia da Ribeira de Muge - Balanço de 2001

Ao chegar ao fim deste ano de 2011, é sempre positivo fazermos o balanço do ano. Por vezes estamos em baixo, quase levados a considerar que poderíamos ter feito mais e melhor. Eis que nos surgem notícias como esta,

in o almeirinense

e que a blogosfera local relata:
 
«Arrancaram ontem, 07.12.2011, as comemorações dos 600 anos de Almeirim, com uma palestra no Salão Nobre dos Paço do Concelho ...
Acontece que os representantes máximos deste concelho, os presidentes da Câmara e da Assembleia Municipal, primaram pela sua ausência, assim como os presidentes das Juntas de Freguesia. E o convidado também não compareceu...»
 
Isto é o que acontece quando a ignorância da história e da cultura local reinam neste concelho.
Quando se iniciam umas atabalhoadas e serôdias comemorações quando se deveriam estar a terminar.
Esqueceram-se..., pois é... Diz o povo: esquece muito a quem não sabe...
 
Eis um excerto das modestas, mas dignas e atempadas comemorações que a Academis da Ribeira de Muge promoveu em Paço dos Negros para comemorar os 500 anos. Comemorações que se iniciaram 6 meses antes, com um programa mensal, inédito e sempre de temática diferente, que culminou no mês de maio, em cima da data em que 500 anos antes fora feita a Escritura.
 
Envolveu muito trabalho, anos de pesquisa. Foi uma pedrada no pântano que é a cultura em Almeirim: A presença de representante de Sua Alteza Real D. Duarte de Bragança, da escritora Deana Barroqueiro, a divulgação de algumas peças inéditas do Folclore local que remontarão aos séculos 16-18, a reconstituição do Paço em maqueta, a publicação do Livro que, baseado em documentação original e coeva, reedifica para a posteridade o Paço dos Negros da Ribeira de Muge.
 
Prova ainda que não é a mesa do orçamento que traz dinamismo aos eventos...
Prova o que já é de ciência certo, que o caciquismo não é amigo de novas ideias e de novos projectos, antes os adia e obriga a vergar-se a interesses.
 
Um excerto da peça, DANÇA DO FIDALGO, <iframe width="560" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/Lc3SnTpDiIc" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>exibida aquando das comemoraçãoes dos 500 anos.