A Ribeira de Muge fica situada na orla de um dos maiores desertos humanos de Portugal, a floresta de Entre-Muge-e-Sorraia. Esta região pode exibir ainda hoje uma cultura com traços característicos muito próprios, mormente a rude cultura dos pastores, cabreiros e dos negros que aqui habitaram. São estas especificidades que a Academia persegue, "subindo ao povo", como nos diz o grande Pedro Homem de Melo, recolhe, estuda e divulga.

domingo, 28 de março de 2010

Paço dos Negros e o seu pseudo folclore

A cena evitável que se passou ontem no Paço Real da Ribeira de Muge de que me sinto envergonhado (e que mais uma vez peço desculpa aos alunos e professores), a respeito de cultura e sua pesquisa, defesa, valorização, revela duas atitudes: aqueles que com gosto dão o seu tempo e o seu dinheiro, que procuram ir às raízes, respeitar a realidade histórico-cultural, e aqueles que, quais cucos, de cultura só sabem aproveitar-se do trabalho dos outros.

Senti-me desgostoso de ver as tristes figuras que fazem: sem vergonha, ridículos, aparecem, alguns quais Pides amedrontadores, sem serem convidados, não cumprimentam, mal-educadas e autoritários dizem palavrões, pavoneiam-se a mostrar que estão ali, ficam de réu, confesso que nunca pensei ver este triste espectáculo. Tudo isto por uma simples palestra que vale o que vale.

Palestra que ainda assim positiva, tive o feedback, baseada unicamente em dados científicos, sobre a qual, se tivessem a mínima percepção do que é a cultura e a história desta terra, deixavam de fazer esta e outras figuras tristes que têm andado a fazer e que achincalham o FOLCLORE, envergonham a terra que dizem representar e são um empecilho ao desenvolvimento cultural.

Imagine porque me sinto envergonhado por a minha terra ser representada por esta gente, muitos deles mercenários, que não se preocupam em investigar.
Eis um naco do FOLCLORE DE AUTOR, que é uma deturpação histórica, e com o qual estes senhores têm andado a enganar os outros, e a enganar-se a si próprios.

Minha terra antigamente
Quem admirado não fica
Hoje chama-se Paços Negros
Dantes era Paços de Manique

Dança do Conde Manique

Continua...

Paulo Soares da Mota - 14º almoxarife

Principais características deste almoxarifado: Obrigado a residir a maior parte do ano no Paço. Foi nomeado a 3 de Março de 1769, mas recebeu o ordenado e trigo e cevada a partir de 8 de Maio de 1770.  Deveria manter o cuidado do Pomar, com dois hortelões, para o que recebia 40.000 reis. Ruas limpas e cultivo de terras anexas.

sábado, 27 de março de 2010

Ignorância e caciquismo

O que se passou hoje no Paço Real da Ribeira de Muge é revelador da ignorância e caciquismo que reina em Paço dos Negros e no concelho de Almeirim.

Ao contrário do que era habitual (ainda na Quarta-feira, dia 24 de Março, o povo da localidade ali se reuniu para um sessão se sensibilização da população para estudarem as hipóteses de criação de um lar de idosos), tendo eu sido convidado para fazer hoje ali uma apresentação da história do Paço, a cerca de 30 alunos da Escola Marquesa de Alorna, para o que havia sido convidado, deparámos que as fechaduras eram outras.

Não sem antes ter passado por ali um do grupo dos caciques e ignorantes da cultura da minha terra, que deu meia volta e foi-se embora, sem ter a coragem de dizer que as chaves era ele que as detinha a partir de agora.

Entretanto aparece o senhor vereador da cultura, sr. José Carlos que disse que haviam mudado (a pedido de quem?, para tramar o povo?) as fechaduras às portas, sem comunicar ao responsável, que as detinha, autorizado e a pedido da Câmara, para abrir as portas sempre que a população necessitasse. O que sempre foi respeitado.

Por respeito ao grupo de alunos e professores dei, com todo o gosto, a minha palestra sobre a bem documentada mas até agora desconhecida História da minha terra, Paço dos Negros.

Daqui quero dizer a esses caciques e ignorantes da Cultura e da História desta terra, que fazem da arrogância da ignorância um fundamento e modo de vida, e se pavoneiam vendendo uma falsa cultura, que chego a ter vergonha do que apresentam, que chega a ser afrontoso e indigno das mulheres, da história e da cultura de Paço dos Negros. Uma fraude cultural, neste momento, que é o caso do rancho de Paço dos Negros, repleto de "mercenários", que não conhecem, nem estudaram a cultura desta terra.
Não conhecendo, como podem transmiti-la e representá-la?

A partir de agora, eles políticos, não contem mais comigo para lhes dar qualquer contributo. Não merecem.

Não preciso da colaboração de gente desprezível, que enxovalha a cultura, ignora e despreza a ciência das pesquisas, adultera a realidade, e prejudica o progresso cultural, e não só, da minha terra.

 
Não quero fazer parte desse grupo de cegos nestas coisas da cultura, a conduzir outros cegos, e que se comprazem a exibir a sua ignorância.

  
Penso que a visita correu bem, ainda assim peço as minhas desculpas ao grupo de professores e alunos.

Clique para ouvir uma dança palaciana que os ignorantes culturais do Rancho de Paço dos Negros se têm recusado a dançar, e que é uma pérola da terra. Talvez quinhentista:

 

sexta-feira, 26 de março de 2010

Curiosidades sobre Uma escrava da Rainha

Neste documento, em 8 Fev. de 1552, assinado em Almeirim, faz a Rainha D. Catarina, que permaneceu em Almeirim desde Julho de 1551 a Fevereiro de 52, mercê de 4.000 réis a uma sua escrava, Isabel Ribeira, para comprar uma cama, pelo seu casamento com Baltazar Veloso, o qual assina o documento comprovativo do recebimento.
Não será esta Isabel Ribeira uma escrava do Paço da Ribeira?
De que os escravos do Paço cedo foram adquirindo alforria, pelo casamento? Tanto que em 1574, o alvará de nomeação do almoxarife Duarte Peixoto, fala já no pagamento de 24 mil reís para dois homens que hão-de cuidar do Pomar. O que se vem a confirmar em todas as nomeações seguintes.


quinta-feira, 25 de março de 2010

D. Sebastião, um rei de boa boca

Será que este caso de quando D. Sebastião se perdia pelas matas da Ribeira de Muge, de quando "fugia" à avó, para ser perder nas matas, se esconder no Convento da Serra, que nos conta o Padre Amador Rebelo, que foi seu Mestre,  tem alguma coisa a ver com uma história que existe em Paço dos Negros "O rei de boa boca".