A Ribeira de Muge fica situada na orla de um dos maiores desertos humanos de Portugal, a floresta de Entre-Muge-e-Sorraia. Esta região pode exibir ainda hoje uma cultura com traços característicos muito próprios, mormente a rude cultura dos pastores, cabreiros e dos negros que aqui habitaram. São estas especificidades que a Academia persegue, "subindo ao povo", como nos diz o grande Pedro Homem de Melo, recolhe, estuda e divulga.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Os azulejos do Paço

Compare os azulejos e talvez fique a saber onde param algumas obras de arte, espólio do Paço dos Negros da Ribeira de Muge.
Numa Quitação refere a quantidade de 3 milheiros de azulujos.




in Almeirim no coração da Lezíria

Eis o que nos diz Frazão de Vasconcelos, membro da Associação dos Arqueólogos, no seu "Paço dos Negros e seus almoxarifes", do ano de 1926, página 4 :


Inteiros, raros haverá mais. Alguns trouxemos para o Museu do Carmo, por oferta do
actual proprietário do Paço, sr. Manuel Francisco Fidalgo.





De um livro do Museu de Arqueologia, Museu do Convento do Carmo, onde numa vitrine estão expostos, sem referência à procedência.
Repare-se que nestes documentos a referência é "Proveniência desconhecida".

terça-feira, 16 de março de 2010

A construção do Paço Real - Curiosidades

Feita a escritura no dia 3 de Maio de 1511, logo o rei manda os vários órgãos e entidades contribuírem para a construção do Paço.
RETIRADO

Francisco Palha




20 mil réis para as obras da ribeira de muja

RETIRADO
 Feito em Santarém a dezasseis dias do mês de Agosto de mil quinhentos e onze.

                            Diogo Roiz                              João Coelho

segunda-feira, 15 de março de 2010

Mulheres da ribeira de Muge - Juliana

JULIANA (OU D. JORGE, O VENENO DE MORIANA, D. AUSENIA, ETC.)

Está o tema deste “verso” da “Juliana”, recolhido em Paço dos Negros, intimamente relacionado com a lenda escandinava de Sigurd. Lenda que foi disseminada pela Europa por volta do século V. Nele está presente um mote universal, o tema do ciúme e do crime perpetrado através de uma bebida envenenada.

Ramón Menéndez Pidal, dá-nos notícia que Gil Vicente na “Comédia Rubena”, em 1521, pela boca de uma criada, faz referência a este romance.

Como nenhum outro semanticamente desfigurado, neste lindo “verso” vemos como as velhas lendas e imagens são refeitas, renovadas e actualizadas; é esquecido o título nobiliárquico de D. Jorge, os personagens transportados ainda e sempre para ambientes que, neste caso, são familiares às mulheres da Ribeira de Muge.
Pela linguagem utilizada: – Passadas que o Jorge dava eram só para te iludir…, deixa transparecer este versículo, a familiaridade para as mulheres com aquilo que era quase uma fatalidade do destino, para as filhas de um qualquer pobre servo: o filho de um lavrador "enganar" uma rapariga.
De salientar que não faltam as bem populares “Torradas”, propícias a uma certa vingança, um remate moral, como conclusão.

Eu bem te dizia ó filha, mas tu não querias ouvir,
Passadas que o Jorge dava eram só para te iludir.
– Deixe lá ó minha mãe, ó meu pai que me criou,
O Jorze também se engana, assim como ele me enganou.
Recolhido à posteriri

– Aí vem ele minha mãe, no seu cavalo amontado…
– Pois adeus ó Juliana, como estás como tens passado?...
– Eu já cá ouvi dizer, que tu andavas para casar…
– É verdade ó Juliana, venho-te agora convidar.
– Espera aí que eu também vou, que eu quero ir ao teu lado,
Vou buscar um copo de vinho que eu p’ra ti tenho guardado.
– O que pantaste no copo, o que pantaste no vinho?
Que eu já tenho a vista turva, eu já não vejo o caminho!?...
– Se a minha mãe lá soubesse, que eu que cá tinha morrido!...
– Também a minha julgava, que tu casavas comigo!

Torradas, novas torradas
A faca que corta a cana
O Jorze queria ser esperto
Esperta foi a Juliana.

Clique aqui para ouvir: Juliana

domingo, 14 de março de 2010

Homenagem a todas as mães simples mas felizes

A GENTE NÃO LÊ

Ai Senhor das Furnas
Que escuro vai dentro de nós
Rezar o terço ao fim da tarde
Só para espantar a solidão
Rogar a Deus que nos guarde
Confiar-Lhe o destino na mão

Que adianta saber as marés
Os frutos e as sementeiras
Tratar por tu os ofícios
Entender o suão e os animais
Falar o dialecto da terra
Conhecer-lhe o corpo pelos sinais

E do resto entender mal
Soletrar assinar de cruz
Não ver os vultos furtivos
Que nos tramam por detrás da luz

Ai Senhor das Furnas
Que escuro vai dentro de nós
A gente morre logo ao nascer
Com olhos rasos de lezíria
De boca em boca passar o saber
Com os provérbios que ficam na gíria

De que nos vale esta pureza
Sem ler fica-se pederneira
Agita-se a solidão cá no fundo
Fica-se sentado à soleira
A ouvir os ruídos do mundo
E a entendê-los à nossa maneira

Carregar a superstição
De ser pequeno ser ninguém
E não quebrar a tradição
Que dos nossos avós já vem.

Carlos Tê e Rui Veloso em (A Portuguesa, Isabel Silvestre)

quinta-feira, 11 de março de 2010

Filhos e enteados





Auto-realização dos privilegiados


Necessidades básicas por satisfazer




Um mesmo concelho, direitos desiguais