É uma mensagem temporária que não foi eliminada. Elimine-a manualmente. (c56981d0-874d-4871-ba92-eea9e173e013 - 3bfe001a-32de-4114-a6b4-4005b770f6d7)
A Ribeira de Muge fica situada na orla de um dos maiores desertos humanos de Portugal, a floresta de Entre-Muge-e-Sorraia. Esta região pode exibir ainda hoje uma cultura com traços característicos muito próprios, mormente a rude cultura dos pastores, cabreiros e dos negros que aqui habitaram. São estas especificidades que a Academia persegue, "subindo ao povo", como nos diz o grande Pedro Homem de Melo, recolhe, estuda e divulga.
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
domingo, 15 de janeiro de 2012
O Paço da Ribeira de Muge
O Paço da Ribeira de Muge essse desconhecido e maltratado, mesmo por quem o deveria proteger e respeitar.
quarta-feira, 11 de janeiro de 2012
Pérolas da Academia
Ainda de recolha efectuada junto de Laurinda Rita.
O pipó oiça no original, uma moda bem rude na linguagem, e bem característica desta região de gente simples e sem artifícios.
Vem, vem meu amor
P’lo andar o conheço
Chapéu desabado
Capote do avesso
Retira Balbina
Prepara o pipó
Pinteia o cabelo
Alisa o chinó
Vem, vem meu amor
De chapéu à banda
Eu bem o conheço
Vem c’o cu à banda
Lá vem meu amor
Chapéu à miranda
P’lo andar o conheço
Vem c’o cu à banda
Retira Balbina …
‘zeitona verde é rija
Menina não seja dura
Seu pai que a case
‘qui ‘stá quem a procura
Retira Balbina …
domingo, 8 de janeiro de 2012
Pérolas da Academia
Laurinda Rita, nascida em 1922, já falecida, entre muitas outras, deixou-nos esta pérola, umas saias, segundo ela aprendida na sua mocidade. Fruto, decerto, da ligação de Paço dos Negros, onde morava, com a região de entre-Muge-E-Sorraia, nomeadamente Foros de Arrão e Montargil. Havia naquele tempo um grande intercâmbio em toda esta grande região de pastorícia, gado e montado. Tanto iam daqui negociantes a negociar pelos casais, chegando até Portalegre, Elvas, como os trabalhadores de ambos os estremos deste "deserto" se encontravam nestes casais de entre-Muge-E-Sorraia, nomeadamente nas ribeiras da Lamarosa e dos Grous, nas tiradas de cortiça e nos arrozais.
Laurinda Rita, obrigado.
"Saias da Lamarosa" http://dl.dropbox.com/u/4453889/Saias%20da%20Lamarosa.mp3
Estas é qui são nas saias
Estas mesmo é qui são
Forum feitas e talhadas
Na manhê de San João
Forum feitas e talhadas
Na manhê de San João
Estas é qui são nas saias
Estas mesmo é qui são
Estas saias ouvim eu
Na festa di Longomeli
Gostei delas aprendin-as
Assintei-as num papel
Gostei delas aprendin-as
Assintei-as num papeli
Estas saias ouvim eu
Na festa di Longomel
Estas é que são nas saias
Chigadinhas à cintura
Eu gosto muito de as saias
Muito mais da criatura
Eu gosto muito de as saias
Muito mais da criatura
Estas é qui são nas saias
Chigadinhas à cintura
Estas saias ouvim eu
De Montargil é ‘ma rosa
Gostei delas aprindin-as
Cantei-as na Lamarosa
Gostei delas aprindin-as
Cantei-as na Lamarosa
Estas saias ouvim eu
De Montargil é ‘ma rosa.
terça-feira, 3 de janeiro de 2012
Vandalismo cultural
À consideração do pelouro da Cultura e da Câmara Municipal de Almeirim.
Como estudioso da História e da Cultura da Minha Terra, sinto mágoa pelo que aconteceu na noite de passagem do ano no Complexo do Paço Real da Ribeira de Muge.
Um programa de comemoração da passagem de ano que só pode revelar o conceito de amor dos seus organizadores, pela Cultura e pela História da sua terra, conceito que se pensava já estar erradicado da sociedade.
A conselho de uma senhora Arqueóloga, que esteve no Paço, foram colocados pela Academia, uns “postaletes de madeira” e uma placa, a demarcar o espaço arqueológico anexo ao pátio, para evitar que se continuasse a degradar. Mas a barbárie, neste século XXI é tamanha. É maior, muito maior, do que o amor pela cultura. Tem a exacta medida da ignorância: Não tem coração, tão pouco cérebro. Começa no estômago e acaba na sanita.
Também não será para admirar, permitirem-se arrasar os vestígios e a monumentalidade que a História nos legou, portarem-se como indivíduos e instituições indignos deste riquíssimo legado cultural, quando o seu conceito de cultura é o aviltamento da Cultura de Paço dos Negros, apresentando como sendo Folclore da terra, umas pobres cantiguitas sem qualquer valor literário, que têm autor conhecido e reconhecido, e que as pessoas, dezenas de mulheres idosas investigadas, não reconhecem como tendo-as cantado, dançado, sequer ouvido tais letras. (e músicas também).
Uma pergunta à Câmara Municipal de Almeirim: Depois da aprovação por essa Câmara, por unanimidade, da intenção de aprovação do Paço como de Interesse Municipal, em 16 de Maio de 2011 (no rescaldo das comemorações dos 500 anos, que vergonhosamente não apoiaram, nem se dignaram assistir), será para assistir a este triste espectáculo, que se recusam a aprovar o que livremente decidiram, agora que o projecto de classificação está elaborado?
Pequeno excerto da Acta de 16 de Maio:
«… Proponho, pois que seja integrada na O.T. desta Reunião o
Ponto 6: Iniciar o processo conducente à eventual classificação
de Interesse Municipal do complexo do Paço Real da Ribeira de
Muge, em Paço dos Negros.”
…
“é vontade politica, ou não, iniciar este processo”.
INICIAÇÃO DO PROCESSO CONDUCENTE À EVENTUAL CLASSIFICAÇÃO
DE INTERESSE MUNICIPAL DO COMPLEXO DO PAÇO REAL DA RIBEIRA DE
MUGE, EM PAÇO DOS NEGROS.
Posto a votação foi deliberado por unanimidade aprovar.»
Como pesquisador e historiador da História desta minha terra, sinto-me envergonhado com estas atitudes destes meus conterrâneos. Tudo isto seria normal se não proviesse de indivíduos e instituições pretensamente defensoras da Cultura e da História. É este um triste registo histórico.
Estou de luto, pela História e pela Cultura da minha Terra, Paço dos Negros.
Restos de fogueira
Restos de fogueira 2
Podem ver-se as lajes de tijoleira, quinhentistas
Idem
Chão pisado
Dois "postaletes" desaparecidos
"Postaletes" levantados
"Postalete" arrancado que permite a entrada de viaturas até às lages
Dois "postaletes" arrancados, e desaparecidos, que permitem a entrada de viaturas para cima das ruínas
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