A Ribeira de Muge fica situada na orla de um dos maiores desertos humanos de Portugal, a floresta de Entre-Muge-e-Sorraia. Esta região pode exibir ainda hoje uma cultura com traços característicos muito próprios, mormente a rude cultura dos pastores, cabreiros e dos negros que aqui habitaram. São estas especificidades que a Academia persegue, "subindo ao povo", como nos diz o grande Pedro Homem de Melo, recolhe, estuda e divulga.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Quatro escravos para a Ribeira de Muge


trecho de carta, C.C, 1, 9, 30



Nós el rei mandamos a vós nossos contadores que leveis em conta a Gonçalo Lopes almoxarife dos nossos escravos cinquenta e três mil réis por outros tantos que foram avaliados seis escravos que entregou a Rui Gomes que foi nosso tesoureiro da Casa da Mina sobre o qual foram carregados em receita segundo vimos por seu conhecimento e certidão de Cristóvão da Mota nosso contador que lhe tomou a conta que os sobre ele carregou / quatro escravos para mandar (?) para os Paços da Ribeira de Muge e os dois para mandar a Frandes dos quais dois escravos o dito Gonçalo Lopes tinha um mandado nosso para lhos entregar que foi feito perante nós o que assim cumpriu. Feito em Lisboa ao derradeiro dia de Junho Jorge Fernandes o fez ano de mil quinhentos e dezasseis.
Rei


Para levarem em conta a Gonçalo Lopes 53 mil réis que monta nestes 6 escravos que entregou a Rui Gomes/ 4 para a Ribeira de Muge e os 2 para Frandes sobre o qual foram carregados.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Francisco de Almeida - 8º Almoxarife

Características deste almoxarifado: Estava extinto, sendo de novo aberto. Não tinha o mesmo estatuto social dos anteriores (bem como dos posteriores). Metade do mantimento, trigo e cevada, reverte a favor da viúva de Rodel Figueira. Mantém as demais obrigações. Não consta este almoxarife da galeria de almoxarifes do Paço dos Negros, em Frazão de Vasconcelos.


Ch. D. João iv, 28,103

«Dom João etc. faço saber aos que esta minha carta virem que havendo respeito ao bem que Francisco de Almeida meu monteiro prestador me serve na dita obrigação e a folgar de lhe fazer mercê da propriedade do ofício de almoxarife dos meus Paços que estão na ribeira de Mugem que vagou por falecimento de João Rodel Figueira o último proprietário que foi dele e isto sem embargo do dito ofício estar extinto porque de novo o torno abrir com o qual ofício haverá de ordenado e mantimento um moio de trigo outro de cevada e dez mil réis em dinheiro e os vinte e quatro mil réis para pagamento dos jornais do homem que há-de ser contínuo no benefício do pomar e horta dos ditos Paços porque o outro moio de trigo e de cevada que faltam para os dois de trigo e dois de cevada que tinha como do cargo o dito João Rodel faço mercê deles a dona Maria da Silva sua mulher em sua vida o qual ordenado lhe será pago com certidão do provedor de minhas Obras e Paços de como serve e satisfaz com sua obrigação pelo que mando ao Provedor das Lezírias Contador das Jugadas da Vila de Santarém lhe dê a posse do dito ofício e lho deixe servir e dele usar e haver os ditos um moio de trigo de ordenado e outro de cevada e dez mil réis em dinheiro e os vinte e quatro mil réis para pagamento dos jornais do homem que há-de servir, digo que há-se servir contínuo no benefício do Pomar e assim haverá mais com o dito ofício os prós e percalços que lhe direitamente pertencerem e assim no mais haverá juramento dos santos evangelhos que bem e verdadeiramente o sirva guardando em tudo meu serviço e as partes seu direito e querendo eu tirar ou extinguir por qualquer causa que seja nem por isso minha fazenda lhe ficará obrigada a satisfação alguma de que nela pagará os direitos que dever de nosso conforme o regimento dela e por firmeza de tudo mandei dar esta carta por mim assinada e selada com o meu selo pendente. Manuel Gomes a fez em Lisboa aos trinta de Março de mil seiscentos e cinquenta e seis anos e começará a vencer o ordenado do dito ofício do primeiro de Janeiro deste dito ano em diante. Sebastião da Gama Lobo o fez escrever. El rei //»

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

A Florentina

A Florentina, um drama acontecido no ano de 1951, em Paço dos Negros. Tinha 14 anos. Um dos últimos "versos" construídos pelo povo, quando a notícia era transmitida e espalhada da forma mais bela que pode haver, ainda que de um drama se trate: o canto das mulheres.



No dia 23 de Fevereiro

Um caso se praticou
Foi o Álvaro da Faustina
A sua mana matou

A sua mana matou
Matou-a sem piedade
Quem lhe havera de acudir
Sua mãe tinha amizade

A sua mana Jacinta
Chorava que dá ternura
Adeus mana Florentina
Vais nova para a sepultura

A sua mana Hortense
Chorava do coração
De ver o sangue a saltar
Da cabeça para o chão

Os gritos que ela atirava
Cortavam o coração
Adeus mana Florentina
Ai mana de uma paixão

O hospital de Santarém
Tem janelas e corredores
Onde estava a Florentina
Onde sofreu tantas dores

Torradas novas torradas
Esta faca corta o chão
Isto tudo aconteceu
Causado pelo seu irmão

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

João Rodel Figueira - 7º Almoxarife

Sucede a seu sogro, Estêvão Peixoto da Silva. Mantém o ordenado de 10.000 reis, trigo e cevada, a obrigação de ter um cavalo para guardar a coutada, e manter o cultivo do Pomar real...

trecho da carta de nomeação de João Rodel Figueira, ch. D. João IV, 17, 38




Dom João etc. a quantos esta minha carta virem faço saber que achei por bem de fazer mercê a João Rodel figueira do cargo de almoxarife dos meus Paços da Ribeira de Muge, que vagou por folga e óbito de Estêvão Peixoto da Silva a mando nosso por estar casado com uma sua filha e ser propriedade do dito ofício e haver sido Duarte Peixoto pai de Estêvão Peixoto que o serviu nos ditos Paços com o qual ofício haverá de mantimento e de seu ordenado cada ano trinta e quatro mil réis em dinheiro pagos no almoxarifado da dita vila de Santarém e vinte e quatro mil réis para um homem que há-de sempre andar no pomar dos ditos Paços e dois moios de trigo e dois moios de cevada de ordenado cada ano que é como tinha o dito Estêvão Peixoto da Silva pela coita? do dito cargo e por um alvará que tudo lhe será pago com certidão do Provedor das Obras ou Sisas digo Obras dos meus paços do qual ofício terá alvará enquanto eu o tiver por bem e não mandar o contrário tendo declaração que tirando-lho ou extinguindo-o em algum tempo por qualquer causa que seja o poderá fazer sem por isso lhe ficar minha fazenda obrigada a satisfação alguma e o dito ordenado há-de haver pela sua carta acima declarada de que tinha seu dois moios de cevada serão para mantimento de um cavalo que será obrigado ter continuadamente para guardar a coutada da dita ribeira como fazia o dito seu sogro e os ditos 34 mil réis lhe serão entregues e pagos no almoxarifado da vila de Santarém e o trigo e a cevada no das Jugadas da mesma vila com certidão do dito Provedor das minhas Obras e Paços a quem mando dê posse do dito ofício ao dito João Rodel Figueira e lho deixe servir e dele usar o dito ordenado digo mantimento assim mais todos os prós e percalços que lhe direitamente pertencerem como tudo tinha e havia o dito Estêvão Peixoto da Silva ...

domingo, 10 de janeiro de 2010

Os três moinhos reais

Passados  que são 500 anos, aí estão eles, a nós que choramos lágrimas de crocodilo pelo ambiente e pela preservação do nossa história e cultura, a escancarar-nos nas nossas caras sem vergonha a nossa falta de respeito por nós próprios. Onde páram os responsáveis pela cultura deste concelho?

interior do moinho do paço


vista do Paço e exterior do moinho


interior do moinho do Pinheiro


vista do casal e exterior do moinho do Pinheiro


vista do exterior do moinho da Ponte Velha